Fazer teatro é muito complicado. Demora para ganhar dinheiro, demora para conseguir espaço para mostrar seu trabalho, demora para ser reconhecido. Quando isso acontece. Mesmo assim, todo ano milhares de pessoas se lançam na aventura de interpretar no palco.

O Virgula foi ao maior evento de teatro do Brasil, o Festival de Curitiba, que começou nesta terça (17/3), conversar com quem está começando agora nos palcos. E descobirmos que eles têm criado novas saídas para superar os obstáculos da profissão.

A UNIÃO FAZ A FORÇA

Thiago Inácio, 24, é ator e produtor-executivo do Companhia Transitória. Seu grupo se juntou com outras três companhias novas para formar o Coletivo de Pequenos Conteúdos. Assim como tem rolado muito entre VJs, DJs e grafiteiros, a ideia de que a união faz a força também está por trás da criação deste coletivo teatral.

“O coletivo surgiu a partir da necessidade de quatro companhias, de gente que acaba de sair da faculdade de artes cênicas, de conseguir seu espaço”, explica Thiago, que conta que as gerações mais novas têm dificuldade em furar o bloqueio do pessoal mais estabelecido. “É difícil por causa das panelas”.

Outra motivação para o coletivo é que ao participar da ala Fringe, o “lado B” do Festival de Curitiba, é bem mais difícil ser ouvido sozinho em meio às 280 peças inscritas no Fringe.

“Outras companhias gostaram da ideia e entraram em contato para fazer parte do coletivo”

NÃO É MALHAÇÃO

Todos os atores do CPC têm entre 20 e 25 anos. É comum ter outra profissão para pagar as contas. “Eu mesmo sou jornalista”, revela Thiago. “Mas também tem designers gráficos no grupo. Temos grande dificuldade em sobreviver da arte, mas a arte é minha vida.”

Um banho de água gelada para aqueles que associam palco com glamour. “Tem muita gente procurando, em função do glamour que aparenta ter. Os calouros entre 17 e 20 anos chegam e já querem fazer Malhação. Mas quando entra e vê que é academia, que tem muito lado teórico, sai fora. A metade desiste já no segundo ano. Muitos cursos oferecem falsas promessas também.”

“Existe uma grande diferença entre ser ator e ser artista”, resume Thiago.

ÓQUEI!

A peça que o Companhia Transitória apresenta no Festival de Curitiba se chama Óquei. Os atores usam muita sunga, biquini, galocha, capa de chuva. “A ideia é discutir a sexualidade, como essa pulsão mexe com as pessoas”.

“Usamos muita linguagem performática e musical. É bem pop”, ele conclui

PROGRAMAÇÃO ÓQUEI
Quando: dia 22, às 15h; dia 23, às 21h; dia 24, às 12h e dia 25, às 18h
Onde: TUC, Largo da Ordem, 30, São Francisco – Curitiba
Quanto: R$10 e R$5 (meia-entrada)
Contato: (41)3321-3300


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Festival de Curitiba: novos atores se unem para aparecer