O mitológico Fela Kuti, saxofonista nigeriano criador do afrobeat e precurssor do jazz africano, completaria hoje 71 anos se não tivesse morrido vítima de Sarcoma de Kaposi em 1997, por complicações relacionadas ao vírus da AIDS.
Ele não só definiu as fronteiras de todo um culto à música africana, especialmente pelas suas qualidades livres e despreocupadas com as pressões do mercado fonográfico, como ainda foi um ícone de luta contra os regimes ditatoriais do continente negro. Até hoje a sua voz ecoa por toda a África como um hino de revolução para os oprimidos daquela terra.
Inventivo, talentoso e capaz de arrebatar multidões com seu carisma inigualável, Kuti é o grande responsável pela ampla aceitação da música nigeriana pela cultura européia e americana, desde o lançamento de seu grande clássico Live. Ao lado de sua banda Africa 70 e do renomado músico Ginger Baker, Kuti redefiniu a visão do mundo sobre o continente africano e colocou de vez a Nigéria no mapa da música mundial.
Por essas e outras, a organização multi-estadual Articulação Nacional Fela Kuti organizou o FELA DAY BRASIL com eventos em sete estados para homenagear a vida e obra do compositor nigeriano. Serão shows, palestras, discotecagens, oficinas, cursos e baladas para todos os gostos e em muitas cidades, não deixando desculpa para não prestigiar essa imensa homenagem a Kuti.
A maior delas, com certeza é a que será realizada hoje em Salvador. Logo às 10h tem um painel de exposições no Largo do Pelourinho com alguns dos maiores grafiteiros soteropolitanos mostrando sua arte. Depois a programação segue no Sankofa African Bar, com a exibição do filmes Fela Kuti: A Música é a Arma, de Stéphane Tchal-Gadgieff e Jean Jacques Flori, e o seminário Fela Kuti e o Afrobeat, que começa às 14h.
Esse seminário inclui a palestra do grande escritor cubano Carlos Moore, autor de This Bitch of a life, biografia autorizada de Fela Kuti escrita na década de 80.
Toda a ampla programação do FELA DAY BRASIL pode ser conferida no site oficial do evento centralizado pela Articulação Nacional Fela Kuti e pelo professor baiano Nelson Maca, que também integra o seminário em Salvador.