Apesar do otimismo de diversos setores para o crescimento da economia no terceiro trimestre deste ano, o faturamento das empresas com capital aberto (ações negociadas na Bovespa), encerrou o período com queda média de 1,6%, na comparação com o mesmo trimestre do ano passado. Nos três meses anteriores, a queda havia sido de 1%.
Os dados constam na edição desta quarta-feira do jornal O Estado de S. Paulo e foram elaborados pela Economática. Para o presidente da empresa, Feranando Exel, os números vão contra as previsões do governo de um forte crescimento da economia para o terceiro trimestre do ano.
O levantamento levou em consideração os balanços das 194 empresas não financeiras com ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) com os valores corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial.
De acordo com a Economática, os setores que mais perderam em receitas são aqueles de dependem mais das exportações, como é o caso do de autopeças e veículos. Neste caso, as vendas caíram 31,2%, por conta da desvalorização do dólar e da queda da demanda mundial.
Outros segmentos com quedas expressivas média foram o das siderúrgicas e metalúrgicas. Neste caso, a retração chegou a 27,9%. As empresas químicas perderam vendas em 19,9%, enquanto as de papel e celulose caíram 13,7%.
Por outro lado, todas as outras atividades que estão voltadas ao mercado interno tiveram ganho de receitas. No caso da construção, o avanço foi de 19,3%, enquanto no comércio o crescimento foi de 6,6% no período.
“Não é a mesma coisa, mas a variação da venda das empresas de capital aberto deve estar razoavelmente parecida com a do PIB (Produto Interno Bruto). Eu ouvi políticos falando em crescimento espetacular do PIB do terceiro trimestre. Não sei qual é a base que estão usando, mas a venda das empresas de capital aberto na média apontam para uma coisa negativa próxima de 2%”, disse Exel ao jornal.
A reportagem do O Estado de São Paulo ouviu também o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale. Para ele, os números da Economática não são compatíveis com o resultado do PIB, pois têm um peso grande de exportação em queda afetando a variação negativa.
“O consumo doméstico é que tem segurado a queda do PIB e não necessariamente é captado por todos os segmentos de capital aberto. É uma sinalização clara, isto sim, de que a exportação tende a segurar parte do crescimento e certamente foi um dos fatores para que o PIB crescesse tão pouco nas nossas estimativas do terceiro trimestre contra o terceiro trimestre do ano passado”, disse Vale.