Encontrar o ídolo, geralmente, tem um preço. Pode ser a grana do fã que se hospeda no mesmo hotel que o artista ou o custo de um ingresso para arriscar uma ida ao camarim, depois do show. Os fanáticos pelo RBD (grupo de seis mexicanos que desmanchou em 2008) pagam R$ 300 para ter dois minutos com Anahí, uma das integrantes. A partir de sexta-feira, dia 7, a cantora de 26 anos cumprirá agenda de nove encontros em hotéis brasileiros com fãs que chegaram a dormir na fila para comprar o direito de vê-la. Parte dessas entradas, pelo custo de R$ 1000 dão direito até a um almoço no hotel da jovem estrela.

Roberta, Ramon, Julia e Eduardo (foto) estarão no evento de São Paulo. Eles conversaram com o Virgula sobre como levantaram a grana. Até rifa de laptop já serviu para um deles reverter em ingressos.

Os “meetings” como são chamados, são feitos pela RRPRO, que cuidou de turnês brasileiras do RBD e já realizou encontro semelhante com Christopher, outro integrante do grupo. Desta vez, a empresa faz a tarde de fotos e autógrafos em Brasília (dia 7), Recife (8), Salvador (9), Rio de Janeiro (dias 10 e 11), Porto Alegre (12), Belo Horizonte (13) e São Paulo (dias 14 e 15).

O encontro com Anahí é exceção na rotina da produtora, que neste instante cuida da turnê de Tonny Bennett e já trouxe Lenny Krawitz ao Brasil. Porém, Marciel Garcia, um dos organizadores, soube tirar proveito duma oportunidade: “Depois de todo show sempre formava fila de gente pedindo encontros assim. O pessoal do RBD diz que nunca viu fãs como os brasileiros”, confessa.

JEITINHO BRASILEIRO

Roberta Vilarinho, 26 anos, tem uma tatuagem no antebraço para homenagear o RBD e ganhou de presente o seu ingresso. A meia-entrada de R$ 300 cobrada em São Paulo é a mais cara. Em Recife e Salvador sai por R$ 200. Eduardo do Nascimento, 17 anos, precisou se virar: “Fiz uma rifa do meu laptop por R$ 15 cada número, juntei o dinheiro porque também me apresento como DJ em festas e já limpei até chão de bufê infantil”. Ramon de Souza, 17, só precisou usar a grana do salário que recebe duma gráfica. Ninguém mede esforços pelos ídolos: “Escolhemos gastar assim nosso dinheiro, mas não somos vagabundos, trabalhamos e não repetimos ano na escola”, explica Eduardo. Como eles, Julia da Silva e Fernando Marujo, ambos com 16 anos, estudam o segundo grau colegial e já ficaram até acampados na Marginal Tietê para serem os primeiros a entrar num show do RBD, em 2008. Agora, estão entre os 20 primeiros da fila graças à forcinha financeira dos pais.

Segundo Marciel Garcia, o preço dos ingressos é reflexo da estrutura necessária: “Além de passagens aéreas, é preciso bancar os assessores, maquiadores e cabeleireiros. Sem falar na segurança que precisa ser reforçada para os deslocamentos. É diferente de um show grande com verba de bilheteria”. No caso de Anahí a promoção foi feita pelo site da RRPRO, com rápida divulgação que se espalhou no Orkut.

AUTÓGRAFO E FOTO

Nas tardes marcadas, os fãs se organizam nos locais pela ordem numérica dos ingressos. Em São Paulo, por exemplo, são 1060 divididos entre sexta e sábado (14 e 15). Todos estão esgotados. Cada dois fãs se aproximam de Anahí, têm direito a conversar e tirar fotos por dois minutos. “Só isso já são 8 horas para o artista atender todos, é muito cansativo”, explica Marciel.

Na capital paulista, os 36 donos dos ingressos de R$ 1000 se encontram antes. Ao meio-dia são recebidos para um almoço no hotel onde Anahí se hospeda, com direito a fotos e mais que dois minutos com a cantora. Cerca de uma hora e meia depois se despedem.

Além de fãs saciados, fica no Brasil uma doação na casa de R$ 6 mil para uma instituição que trata anorexia, distúrbio que Anahí teve por cinco anos e faz questão de ajudar. Na opinião de Marciel Garcia ficam também as lições de castelhano do RBD. “Muitos jovens foram estudar o idioma graças ao grupo mexicano”, aponta. Arriba Anahí!


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Fãs pagam R$ 300 por encontro de 2 minutos com estrela do RBD e R$ 1000 por almoço conjunto

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