A ausência de pesquisas sobre a violência nas escolas públicas foi citado pelo pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo, professor Renato Alves, como um obstáculo para identificar, avaliar e combater o crescimento da violência no ambiente escolar.

Alves disse ainda que a violência na escola se intensificou a partir de 1980, e que muitos fatores estariam na sua origem, desde as condições precárias das instituições até a falta de diálogo entre os diversos personagens envolvidos no processo (alunos, professores, pais e autoridades educacionais).

“Podemos dizer que muitas vezes a violência se aprende na escola, além de ser entendida como a falta de diálogo. A escola deveria ser o espaço da fala, da democracia. As condições precárias de muitas instituições e o ensino de baixa qualidade estabelece o início da violência, pois o aluno se sente no direito de usar de forma indevida o espaço público”, disse.

A violência nas escolas públicas foi tema de audiência realizada hoje (12) na Comissão de Educação e Cultura da Câmara. O deputado Jorginho Maluly (DEM-SP), autor da audiência, disse que a medida tem como objetivo o surgimento de propostas para o enfrentamento da violência no ambiente escolar.

Segundo Maluly, a ideia surgiu da preocupação com a atuação das escolas, que deveriam orientar e preparar as crianças para viverem em sociedade, e não só direcioná-las ao mercado de trabalho e ao vestibular. “A super lotação das salas de aula, o sentimento de exclusão gera na mente da criança e do adolescente a necessidade de se impor, buscando na violência essa alternativa”, disse.

O pesquisador propõe que, para combater a violência, a educação deve ser voltada para os valores de se viver em sociedade, além da criação de políticas públicas. No entender de Alves, tem que existir políticas de integração entre o campo de trabalho, a cultura e a segurança. Além da criação de pactos, dentro da própria escola, objetivando o fim da violência.

Para o diretor do Programa Paz nas Escolas, João Roberto Araújo, a violência pode ser caracterizada como explícita e implícita. Ele explicou que a violência explícita são as agressões físicas, as mais visíveis. Enquanto a implícita é verbal, afeta o psicológico das pessoas, é invisível, e que hoje está muito presente nas escolas públicas.

João Araújo disse ainda que nem sempre a violência surge na escola, mas que começa dentro da própria família. “O adolescente ao presenciar dentro de sua casa as agressões físicas e verbais, passa a usá-las nos ambientes que frequenta. É preciso que a sociedade saiba diferenciar esses dois tipos de violência, para que, com o governo, possa criar políticas de enfrentamento”, afirmou.

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Falta de pesquisa dificulta identificação dos problemas de violência na escola