Em entrevista coletiva, o diretor do Departamento de Controle do Espaço Aéreo, brigadeiro Ramon Borges Cardoso, afirmou que o avião R-99 da Aeronáutica localizou mais destroços do Airbus da Air France. Ele ressaltou que são as partes internas do avião e que as buscas continuam, entretanto, de forma visual. De acordo com ele, os helicópteros trabalham visualmente, mas não têm capacidade de fazer recolhimento dos destroços.

Nesta quarta-feira, membros do escritório francês de pesquisas e análises (BEA, em francês), responsáveis pela investigação do acidente com o Airbus da Air France, afirmaram que a aeronave voava com uma velocidade “incorreta” no momento da queda. O jornal francês Le Monde citou uma fonte das investigações, que teria dito que a velocidade pode ser um dos motivos que levou à queda do avião, que voava do Rio de Janeiro para Paris.

O escritório só não especificou se a velocidade estava abaixo ou acima do recomendado. Apesar disso, o BEA prefere aguardar novas evidências antes de apontar a causa do acidente. O diretor da comissão, Paul-Louis Arslanian, disse, nesta quarta-feira, que as chances de encontrar as caixas-pretas são pequenas e podem não ser úteis para identificar as causas do acidente.

Já outro jornal francês, o Le Figaro, afirma que os investigadores trabalham com a hipótese de que o avião tenha se desintegrado no ar. Eles receberam uma informação de dois pilotos da companhia espanhola Air Comet, que faziam a rota Lima-Madrid, no momento do acidente da Air France. Os tripulantes e um passageiro teriam dito que viram um imenso clarão no céu e uma bola de fogo em queda.

Busca não tem fim previsto

Os navios da Marinha brasileira devem recolher hoje os primeiros destroços do Airbus da Air France. As partes da aeronave serão levadas inicialmente para a ilha de Fernando de Noronha e depois transportadas para Recife. Nesta quarta-feira, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, praticamente descartou a possibilidade de se encontrar sobreviventes entre os 228 passageiros. Ele reafirmou que a investigação sobre as causas do acidente será feita pelo governo francês.

O ministro disse que as buscas por destroços ou corpos das vítimas do voo 447 continuarão pelo “tempo que for necessário”. Nelson Jobim disse ainda que a mancha de óleo encontrada em alto-mar pode excluir a hipótese de ter havido uma explosão. Na noite de ontem, a Aeronáutica informou que já sobrevoou a área equivalente a duas vezes o estado de Pernambuco na busca aos destroços.

Segundo a FAB, foram sobrevoados cerca de 176 mil quilômetros quadrados do oceano Atlântico e partes do avião continuam a ser encontradas. Mais cedo, o subchefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica, Jorge Amaral, disse que foram encontrados quatro novos pontos com destroços. O coronel afirma que, entre os objetos visualizados, estava uma peça de 7m de diâmetro.

O comandante Décio Correa concorda que a existência da mancha de combustível afasta a hipótese de uma grande explosão no ar. Falando nos estúdios da Jovem Pan Online, o especialista diz que ela indica a possibilidade de choque da aeronave com o oceano. Outro especialista acentua que as investigações podem esclarecer as causas do acidente, mesmo se as caixas pretas não forem encontradas. Guilherme Cunha Melo explica que até declarações do despachante de vôo no aeroporto do Galeão ajudarão os investigadores.

Submarino do Titanic

As buscas pelas caixas-pretas ficarão com os franceses, que contam com um navio equipado com um robô e o minisubmarino Nautile, usado no Titanic. Nesta quarta-feira, o governo francês afastou a possibilidade de falhas técnicas antes da decolagem do Airbus da Air France. A França homenageou as vítimas numa cerimônia em Paris com as presenças do presidente Nicolas Sarkozy e sua mulher Carla Bruni.

Hoje, um ato ecumênico lembrará os passageiros do voo 447, às 10h na Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro. O ato reunirá representantes de várias religiões, além de familiares e autoridades. De acordo com a Air France, 216 passageiros e 12 tripulantes estavam no voo, sendo que 58 passageiros e um tripulante eram brasileiros.

Veja a lista divulgada pela Air France com os nomes de 53 brasileiros


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FAB diz que localizou partes internas do avião da Air France