O comitê organizador da Copa do Mundo de 2014, a ser realizada no Brasil, assinou hoje um acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para que ex-presidiários trabalhem na construção ou reforma dos 12 estádios que sediarão jogos da competição.
O acordo foi assinado pelo presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e o da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, em cerimônia realizada no Rio de Janeiro.
O programa, que tem como objetivo a reinserção dos presos na sociedade, pedirá às empresas do setor de construção que reservem uma parte dos postos de trabalho para ex-presidiários que estejam com situação resolvida na Justiça.
“Não obrigaremos ninguém a isso, mas tenho certeza de que as empresas atenderão a solicitação do comitê”, afirmou Ricardo Teixeira a jornalistas após a cerimônia.
O dirigente destacou que o Mundial criará milhares de empregos que servirão como “porta de saída para quem se perdeu no caminho” e considerou que o programa servirá para “materializar o conceito de Justiça cega e independente”.
Gilmar Mendes revelou que a iniciativa partiu do secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, durante uma visita a Brasília ano passado, durante o Mundial de futsal.
Valcke conheceu o programa brasileiro de reinserção “Começar de novo” e viu a oportunidade de aplicá-lo na organização do Mundial, segundo o presidente do Supremo.
Além de oferecer emprego aos ex-presidiários na construção civil, o programa prevê o oferecimento de cursos de formação profissional nas penitenciárias.
O “Começar de novo” é parte de um programa mais amplo do CNJ para estudar a situação penal dos condenados e facilitar a reinserção daqueles que estão na cadeia por crimes que não cometeram – situação de 30% dos 450 mil presos do Brasil, segundo dados do conselho.
Desde o início da campanha, em agosto de 2008, foi revista a situação de 68 mil pessoas, com 12 mil colocados em liberdade e outros 8 mil obtendo benefícios como a redução da pena.