O ex-deputado estadual amazonense Wallace Souza, acusado de dirigir uma organização criminosa e de ordenar assassinatos para usar as imagens dos crimes no programa de televisão que apresentava, se entregou nesta sexta-feira (9) à Polícia Civil do Amazonas quatro dias depois de ter sido declarado foragido.
Souza, cujo mandato foi cassado na semana passada pela Assembleia Legislativa amazonense por quebra de decoro parlamentar, se apresentou por volta das 6h locais (7h de Brasília) na sede da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Amazonas.
O ex-deputado tem duas ordens de prisão contra si. Uma foi expedida na segunda-feira (5) por crimes de homicídio, narcotráfico, posse ilegal de armas e formação de quadrilha, e outra provisória emitida na quinta-feira (8) em processo no qual é acusado pelo assassinato de um traficante de drogas.
Os advogados do ex-apresentador de televisão vinham negociando sua entrega desde a segunda-feira, quando a Polícia o declarou foragido, mas não conseguiram fazer com que a Justiça aceitasse o pedido de detê-lo em uma cela especial por supostos problemas de saúde.
Souza será conduzido inicialmente ao Instituto de Medicina Legal para fazer exames e depois será levado a um presídio ainda não determinado pelas autoridades do estado do Amazonas.
O ex-apresentador foi expulso do Partido Progressista (PP) na última segunda-feira. Ele foi o deputado mais votado nas últimas eleições.
Histórico
A situação política e legal de Souza se agravou no início de agosto com as acusações de que encomendou crimes para ter material atrativo para o programa policial Canal Livre, que apresentava na televisão amazonense.
Segundo a acusação, Souza ordenava assassinatos e depois, com imagens gravadas inclusive antes da chegada da Polícia ao local do crime, mostrava cenas das vítimas no Canal Livre para aumentar a audiência.
A principal testemunha no processo penal contra Souza é o ex-policial Moacir Jorge da Costa, que está preso desde outubro do ano passado e afirma que trabalhava como segurança do deputado.
Acusado de nove homicídios, Costa afirma que pelo menos um desses crimes foi encomendado pelo deputado e gravado por integrantes da equipe de seu programa de televisão.
