Fumar em restaurantes, bares e locais de trabalho é proibido desde 2004 no estado americano de Massachusetts, mas o caso de uma moradora que teve problemas de saúde agravados por causa da fumaça do vizinho pode mudar a maneira como os legisladores interpretam o assunto.
Alyssa Burrage, de 32 anos, que trabalha em um escritório de publicidade, adquiriu um apartamento de US$ 405 mil na região sul de Boston em 2006. Desde a primeira vez que esteve no imóvel, Alyssa, que tinha histórico de asma, já havia se incomodado com o cheiro do cigarro, mas o corretor assegurou que o proprietário antigo era fumante e que o cheiro desapareceria com algumas reformas.
Após a mudança, Alyssa gastou mais US$ 45 mil em reformas como pintura das paredes e troca dos pisos, mas percebeu que o odor de cigarro continuava. Então, ela reparou que a fumaça vinha do andar de baixo, onde vivia um fumante. Com dificuldades para respirar e a asma agravada, Alyssa chegou a pedir que o vizinho fumasse fora de seu apartamento, o que não aconteceu.
Em contato com os administradores do condomínio, a moradora explicou seu problema de saúde e pediu que fossem tomadas providências, mas nada mudou.
A única saída encontrada foi deixar o imóvel e abrir um processo contra o corretor que havia negociado o apartamento e contra seus próprios vizinhos. Desde 2008, Alyssa já não mora mais no local.
Segundo o jornal The Boston Globe, o processo deverá levantar questões complexas sobre o direito das pessoas fumarem dentro de seus próprios apartamentos e os deveres dos corretores de imóveis em divulgar informações precisas relacionadas ao cigarro para potenciais compradores.
O Instituto de Saúde Ambiental da Comissão de Saúde Pública de Boston chegou a fazer um teste para detectar a quantidade de nicotina no imóvel de Alyssa. Segundo o relatório, em alguns pontos do apartamento foi indentificada “uma concentração muito elevada” de nicotina no ar.
Nos últimos anos, inúmeras ações relacionadas ao fumo passivo foram registradas em Massachusetts, incluindo várias disputas entre moradores de um mesmo edifício. Mas até o momento ninguém que se sentiu lesado pela fumaça do cigarro ganhou o processo. “Se o parecer da Justiça for favorável a Alyssa, uma nova frente na batalha sobre o fumo passivo poderá ser aberta”, destaca o The Boston Globe. Um júri vai decidir o caso. A data da audiência ainda não foi definida.