Depois da Argentina em 1978, passaram-se longos vinte anos para surgir um novo “intruso”. A França entrou para o seleto grupo de campeões mundiais quando organizou a Copa. Após doze anos, o mundo tem nova campeã: a Espanha. Com justiça.
A aposta em um futebol competitivo funcionou até a final. Bom que isso tenha acontecido, jogar fora de suas tradições tem um preço muito alto. Os espanhóis mudaram suas características.
Antes de começar a final, havia uma preocupação com o tamanho da responsabilidade que os jogadores carregavam. Percebeu-se uma mobilização como há muito não se via.
A “Fúria” buscava se posicionar como diante da Alemanha. Teve mais tempo de posse de bola no inicio, mas pressionou sem criar boas chances.
As dificuldades apareceram quando Robben, Sneijder, Van Persie e Kuyt adiantaram a marcação. Foi um posicionamento necessário para acabar com a festa da posse de bola espanhola, mesmo sem marcá-la na saída de jogo.
Foi uma partida igual. No final do primeiro tempo era difícil apontar se teria uma equipe que merecia o titulo.
Se a análise for pelos números, tinha sim. A Holanda bateu muito, poderia ter tido jogadores expulsos já no primeiro tempo. O árbitro inglês Howard Webb teve postura conservadora, conversou muito, abusou das explicações.
Parecia querer justificar alguma recomendação da FIFA, como não expulsar. A entidade deve achar que isso poderia prejudicar o espetáculo.
Foram nove jogadores pendurados com cartão amarelo, um jogador expulso só no segundo tempo da prorrogação e outras tantas jogadas que poderiam ter incendiado o jogo, dos dois lados. A Espanha teve cinco jogadores com cartão e outros que foram absolvidos por Webb.
O segundo tempo da final foi melhor. A Holanda conseguiu ser mais intensa e, por incrível que pareça, Robben teve a BOLA DO JOGO, aos 17′: Sneijder fez lançamento maravilhoso para o atacante que ficou cara a cara. Casillas fez a defesa do jogo.
Se aquela bola tivesse entrado estaríamos com um pepino nas mãos. Teríamos que inverter todos os comentários. A Holanda seria a Alemanha dos tempos atuais e o técnico Bert Van Marwijk o gênio da Copa.
Isso tudo para confirmar que o futebol no mundo está muito equilibrado, que não existe um grande time no planeta.
Já que está tudo muito igual, gostaria de ver as equipes jogando dentro de suas características. Gostaria de ver as seleções africanas com suas irresponsabilidades e gostosas ingenuidades. A Holanda com suas revelações em um esquema menos engessado.
E o Brasil puxando a fila de todos os desejos. Perdendo ou ganhando, mas com arte.
Mas voltemos à final. A expulsão de Heitinga fez com que a Espanha sufocasse a Holanda. Um temor estava no ar: se a decisão fosse para os pênaltis, os espanhóis pagariam por não terem feito o gol na prorrogação.
O gol veio em uma jogada pelo meio da defesa laranja. Fábregas, que saiu do banco, viu Iniesta livre. O ótimo jogador do Barcelona dominou e bateu sem chances para Stekelenburg. Um gol para a história.
A Espanha fecha com chave de ouro a hegemonia no esporte mundial. Futebol, tênis – Rafael Nadal – e basquete.
Parabéns a Vicente del Bosque, que confirmou a competência da época de Real Madrid e sorriu. Enfim sorriu. Ele e todos espanhóis mereciam.
(Colaboração: Raphael Prates)
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