O uso de tatuagens, piercings e alargadores de orelha, cada vez mais comum entre os jovens, pode comprometer a conquista de uma vaga em empresas de perfil mais conservador, que ainda relacionam esses ornamentos à sua origem marginal.

Segundo Ralph Arcanjo Chelotti, presidente da ABRH-Nacional, tatuagens, piercings e alargadores têm uma história e, em sua origem, eram mais associados a marinheiros e marginais, o que ficou registrado no inconsciente coletivo da humanidade, daí porque existe uma certa associação entre as pessoas que usam esses ornamentos a indivíduos pouco confiáveis:

“Mas isso não é regra geral, uma vez que em empresas dos segmentos de comunicação, moda ou web design, apenas para citar algumas, o fato de alguém usar tatuagens não só é bem visto como faz com que a pessoa se sinta como parte de uma tribo, de um mesmo grupo”, explica.

Para Chelotti, os jovens hoje associam as tatuagens ao belo, mas também a uma certa identificação tribal, de grupo, algo que as sociedades modernas, massificadas, deixaram para trás. Nesse sentido, eles costumam se tatuar sem refletir profundamente acerca do impacto disso na sociedade, especialmente na hora de encontrar um novo emprego:

“Eu recomendo que os jovens que usam tatuagens ou piercings e que vão se candidatar a vagas em empresas de viés conservador, como as do segmento financeiro, por exemplo, não devem ostentar as tatuagens, pois correm o risco de perder a vaga. Aí eu recomendo cautela, o que pode ser conseguido por meio de uma roupa adequada, camisas de mangas longas. Ao agir com essa prudência, o jovem mostra que valoriza a opinião dos outros sobre temas mais polêmicos”, assinala.

Segundo Chelotti, mais do que ter tatuagens ou piercings, o que pesa contra os candidatos que ostentam esses ornamentos de modo exagerado é o fato de passar a mensagem de que eles não se importam com o que os outros pensam, um aspecto evidentemente negativo quando o assunto é trabalho em equipe:

“Mas se o entrevistador perguntar, é importante falar a verdade. O candidato pode dizer que usa sim tatuagens, mas que as considera algo pessoal e que, por essa razão, não as fica exibindo. Esta postura vai mostrar ao entrevistador que aquela pessoa, aquele indivíduo, tem opinião própria, mas respeita a opinião que outros possam ter sobre temas que ainda geram polêmica na sociedade”, explica.

Piercings – Para o presidente da ABRH-Nacional, se a sociedade vai aos poucos superando os preconceitos em relação às tatuagens, os piercings e alargadores ainda são chocantes para muitos recrutadores de empresas mais conservadoras e devem ser evitados se o candidato almeja ter alguma chance à vaga:

“Há alguns piercings muito sutis, que algumas moças usam até como brincos, que já são aceitos. Mas há outros que passam uma imagem agressiva e que, fora de alguns contextos ou grupos sociais, não são muito bem vistos”, adverte.

Segundo Chelotti, as questões relativas a tatuagens e piercings nas empresas apenas evidenciam o quanto as nossas sociedades ainda são preconceituosas em relação ao diferente, uma vez que a pessoa é julgada antes por sua aparência e, somente depois, por sua capacidade técnica.

Ela lembra que, nesse aspecto, as roupas que as pessoas usam em entrevistas de emprego são muito importantes também, pois roupas descuidadas, curtas, com cores chocantes, podem levar muitos recrutadores a duvidarem do bom senso do candidato, o que é mortal para quaisquer chances de emprego.

“Hoje, muita gente acha excêntrico o fato de que alguns famosos presidentes de empresas usam paletó, gravata e tênis. Mas isso só acontece depois que a pessoa provou que é muito capaz e competente”, conclui.


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Esconda as tatuagens na hora de pedir emprego