A escolha de uma menina de 7 anos para desfilar como rainha de bateria da Escola de Samba Unidos do Viradouro fez com que o Conselho Estadual da Criança e do Adolescente (CEDCA) enviasse à agremiação ofício exigindo a confirmação formal da presença da menina à frente dos ritimistas.
Para o presidente do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente, o advogado Carlos Nicodemos, a atividade é imprópria para crianças e adolescentes, que podem sofrer prejuízos psíquicos e físicos. Ele argumenta que o posto de rainha de bateria tem forte apelo sexual, tendo sido já ocupado por símbolos sexuais como Luma de Oliveira e Juliana Paes.
É direito da criança e do adolescente participar do carnaval, que é uma manifestação cultural e de lazer. O problema são as circunstâncias em que eles participam. Neste caso, trata-se de um posto que, historicamente, tem um apelo sexual altíssimo, além de caráter comercial muito disputado por mulheres que se apresentam de maneira exuberante. Nessas condições, não é conveniente que uma criança participe porque se vulnerabiliza sua integridade física e psíquica, avaliou.
A confirmação exigida pelo CEDCA tem que ser feita até a próxima sexta-feira (29). Caso se confirme a presença da menina à frente da bateria, Nicodemos disse que serão tomadas as devidas providências.
Não acho que isso será necessário porque acredito que o bom senso vai prevalecer. Mas se for preciso, poderemos enviar uma representação ao Conselho Tutelar e acionar o Ministério Público para que a impeçam de desfilar, acrescentou.
A Viradouro, escola de samba de Niterói, confirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, a escolha da menina J.L., que é filha do presidente da agremiação, para desfilar como rainha da bateria. No site da escola, uma nota informa que a decisão de colocar uma menina linda, pura e delicada no cargo é fantástica. O texto diz, ainda, que, para desenhar a fantasia que será usada pela menina, foram tomados todos os cuidados necessários porque ela não será uma musa.
Não podemos transformar uma menina em uma mulher e nem explorar a sensualidade. Será uma fantasia coerente e muito bonita, explicou, na nota, o carnavalesco da escola Edson Pereira.
Em 2003, a escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, da Baixada Fluminense, também colocou à frente de sua bateria uma criança. A menina tinha 12 anos. Um ano depois, outra criança, com a mesma idade, assumiu o cargo de princesa da bateria da Tradição, de Madureira, escola da zona norte do Rio.