Fazendo uma analogia com o futebol, o Metallica é como Ronaldinho Gaúcho: cheio de frescuras, toma algumas atitudes bem discutíveis e viveu uma péssima fase, mas recuperou recentemente a fome de bola e está mostrando ao mundo que talento não se esquece. E foi exatamente no principal estádio da cidade, o do Morumbi, que a banda exibiu sua ótima fase a 68 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, no primeiro show da turnê do CD Death Magnetic (2009) em São Paulo – tem repeteco neste domingo (31), às 20h30, com ingressos ainda disponíveis.

Em São Paulo, os quarentões James Hetfield, Kirk Hammett, Robert Trujillo e Lars Ulrich mostraram uma energia de dar inveja a muito garoto, ainda mais por tocarem um estilo vigoroso como o thrash metal. Ao contrário da grande maioria dos músicos de sua idade, eles quase  não fizeram pausas para descansar ou fazer brincadeiras com o público. E, como fugiram de seu repertório menos pesado, gravado especialmente nos discos Load e Reload, o que sobrou foi uma paulada atrás da outra: com exceção do hit Nothing Else Matters, todas as músicas tinham seu trecho “porrada na orelha”, que foi tocado com rapidez e precisão absurdas.

De tão disposto a mostrar que ainda é capaz de fazer heavy metal pesadão, o Metallica chegou a tocar uma versão de Master of Puppets ainda mais rápida que a original. Deu até medo de que Ulrich, franzino e baixinho, não desse conta, mas o som de sua bateria estava alto e claro até demais: na pista vip Premium, os graves do bumbo faziam o corpo tremer e o ouvido apitar. Um castigo merecido para muita gente que estava lá, mas parecia mais preocupado em tirar fotos e esperar a hora de Enter Sandman (rolou, mas só no fim!) para cantar o refrão.

Mas nem a presença desse pessoal (detalhe: ao lado da reportagem do Virgula, ninguém menos que o RPM Paulo Ricardo assista ao show) estragou a diversão dos fãs antigos do Metallica. Afinal, o que mais um headbanger de coração pode querer se não ver a maior banda de heavy metal em atividade fazer ótimas interpretações de clássicos como Master of Puppets, Seek and Destroy, One e Enter Sandman, além das melhores músicas (veja o repertório abaixo) de um dos discos de rock mais elogiados de 2009? Nada a não ser sorrir, bater a cabeça sem parar e, no fim, comentar com quem está do lado: “Showzão, hein?”.

P.S.: O show de abertura, com uma hora de duração, foi do Sepultura, que tocou músicas novas e os principais hits. O público gostou bastante, mas que falta fazem a segunda guitarra e o carisma de Max Cavalera!

Veja a seguir o repertório do show:

Creeping Death
For Whom the Bell Tolls
The Four Horseman
Harvester of Sorrow
Fade to Black
That Was Just Your Life
The End of the Line
The Day That Never Comes
Sad but True
Broken Beat and Scarred
One
Master of Puppets
Blackened
Nothing Else Matters
Enter Sandman
BIS
Stone Cold Crazy
Motorbreath
Seek and Destroy


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Em São Paulo, Metallica mostra que ainda bate um bolão no heavy metal

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