O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu “reinventar o mundo e as instituições”, porque está convencido de que “outro mundo é possível”. Essas declarações estavam em discurso lido em nome do presidente pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, que agraciou o líder com o prêmio de Estadista Global, o primeiro dessa categoria.

Com o prêmio, os organizadores do Fórum quiseram elogiar os oito anos de mandato de Lula, que terminam em 2010, e a liderança que teve no mundo.

O presidente, que teve que permanecer no Brasil por ordens médicas, após sofrer uma crise de hipertensão, agradeceu a homenagem e a assumiu como um prêmio entregue em conjunto a seu país, que, segundo ele, mostrou ao mundo que é possível crescer e melhorar “de outra maneira”.

“É o momento de reinventar o mundo e as instituições. O mundo perdeu a capacidade de criar e sonhar, e devemos recuperá-la”, afirmou. E uma das principais formas para conseguir isso, segundo Lula, é “estabelecer regulações claras para evitar riscos absurdos que nos levem a outra crise”.

Lula está convencido de que, apesar da tempestade econômica e financeira que castigou o mundo no ano passado, nada de profundo foi feito para modificar as estruturas estabelecidas, por isso fez uma chamada à ação, à mudança e à regulação.

“No ano passado, vimos onde a especulação financeira pode nos levar. Quantas crises serão necessárias para que mudemos? Quantas hecatombes têm que ocorrer para que decidamos fazer o correto?”, questionou.

“Outro mundo e outro caminho são possíveis”, reafirmou, usando o lema do Fórum Social Mundial, e sugeriu, com base em sua própria experiência, que “a melhor política de desenvolvimento é a luta contra a pobreza”.

Lula está convencido de que o êxito do Brasil nos últimos sete anos – nos quais ele governou – se baseia, justamente, em que ele colocou a luta contra a pobreza no centro.

“Nestes sete anos, 31 milhões de brasileiros entraram na classe média, 20 milhões saíram das categorias da pobreza, diminuímos consideravelmente os danos causados ao meio ambiente, deixamos de ser devedores para emprestar dinheiro às instituições internacionais e estamos a caminho de ser a quinta economia do mundo”, disse.

“Uma casa só é forte quando é de todos”, acrescentou Lula, acrescentando que, segundo ele, “o Brasil foi um dos últimos países a entrar na crise e um dos primeiros a sair dela, graças a essa mesma política”.

Por tudo isso, Lula insistiu em que é preciso mudar de modelo, e é preciso fazer isso rápido.

“Não sou apocalíptico, pelo contrário, sou otimista, mais do que nunca nosso destino está em nossas mãos”, disse.

Esse otimismo, e também sua capacidade de liderança, foram elogiadas pelo ex-secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, que foi o encarregado de entregar o prêmio.

“Seu caminho de uma infância de pobreza até se tornar um estadista respeitado no mundo todo é destacável e deve inspirar a todos, porque, além disso, fez isso com sua luta contra as desigualdades de seu país e do mundo”, afirmou Annan.


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Em discurso lido por Celso Amorim em Davos, Lula defende que "outro mundo é possível"

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