Muita gente prestigiou o último show da turnê sul-americana do Easy Star All-Stars, que voltou ao Brasil para mostrar seu mais novo trabalho, uma versão reggae/dub/ska/rocksteady do clássico eterno daquele famoso quarteto de cabeludos da cidade de Liverpool, o místico Sgt. Peppers Lonely Heart Club Band.
Quilômetros à frente de qualquer releitura, o grupo capitaneado por Michael Goldwasser se apropria das melodias clássicas com tamanha desenvoltura que deixa embasbacado até mesmo o mais radical dos roqueiros da idade da pedra, que chamam de “crime inafiançavel” qualquer tentativa de comparação com suas bandas preferidas.
De qualquer forma, a formação dá um banho de técnica e de simpatia no palco. Impossível não virar fã de carteirinha de um grupo que tem tamanha desenvoltura para atravessar os tortuosos caminhos do Radiohead, do Pink Floyd e da própria tríade Paul/John/George.
Abrindo só com material próprio, incluindo a empolgante Bed of Rose (lançada no compacto Until That Day, de 2008), a banda aqueceu os motores para a sequência clássica do começo de Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, com as músicas Sgt. Peppers Lonely Heart Club Band, With a Little Help From My Friends e Lucy In The Sky With Diamonds.
Depois das pedradas, a banda convita a plateia a um “curto passeio pelo lado dub da Lua”, reproduzindo com perfeição Breathe, On The Run (com uma aula de harmonia executada pelos talentosos americanos) e uma posterior brilhante execução de Time, mesmo na ausência de Rankin’ Joe.
Extraídas da obra-prima Radiodread, uma reprdução jamaicana do disco OK Computer, foram tocadas Electioneering, Let Down (originalmente gravada com a participação da lenda viva Toots And The Maytals) e Paranoid Android, com aquele hipnótico riff de guitarra se transformando em um fraseado de metais caribenhos que deixariam Thom Yorke ruborizado.
Mais uma vez, brilhante atuação do coletivo Easy Star All-Stars em território verde-e-amarelo. Quando se trata de agradar a gregos e troianos, a formação transforma rapidamente o mais chato radicalista do rock clássico em regueiro da velha guarda, ou ao menos entusiasta da boa e velha levada jamaicana.
