A vida no interior da prisão de Guantánamo deixará de ser um segredo depois que, no próximo domingo (05/04), o canal National Geographic exibir o documentário Explorer: Inside Guantánamo, que vai será transmitido nos Estados Unidos e na América Latina.
A equipe do National Geographic conviveu com os detidos durante três semanas em agosto de 2008. O documentário promete revelar a rotina de presos e guardas, além do funcionamento da prisão de segurança máxima.
Para os diretores da produção, John Else e Bonni Cohen, a História teria perdido muito se ninguém tivesse se preocupado em documentar o que acontece em Guantánamo antes de seu fechamento, que o presidente americano, Barack Obama, quer que aconteça no prazo de um ano.
“As cenas que, inicialmente, poderiam parecer chocantes para nós, foram se tornando bastante comuns, parte da vida cotidiana. Conseguimos filmar um ambiente tenso que os americanos nunca viram até agora”, disse Cohen.
Através de um corredor constantemente vigiado por guardas, as câmeras registraram as vozes dos prisioneiros, que se comunicam entre eles em árabe e a gritos. No entanto, as autoridades proibiram entrevistas com os detidos ou que os rostos destes fossem filmados.
A resistência aos guardas por parte dos detentos, alguns dos quais, no vídeo, ameaçam se suicidar com toalhas ou lençois, é complementada no documentário com os testemunhos de ex-presos.
Entre eles, está Abdul Salam Zaeef, que foi o “embaixador” dos talibãs no Paquistão quando os EUA invadiram o Afeganistão e que, após sua chegada à prisão, em 2002, liderou greves de fome e era conhecido entre os guardas como “o rei de Guantánamo”.
Zaeef conta que, quando lhe permitiram deixar a prisão, exigiram que assinasse que era membro da Al Qaeda e um criminoso. “Disse a eles que preferia ficar”, declara no documetário.
O programa acompanha também os passos da sargento Jane Smith, uma guarda que fica confusa com as críticas que a prisão recebe, e do encarregado de treinar os novos guardas, o sargento-major do Exército William “Jones”.
Segundo os diretores da produção, o objetivo dela é ajudar a esclarecer uma dúvida: é permitido prender pessoas por tempo indeterminado sem apresentar acusações específicas? As técnicas de interrogatório empregadas contra eles são aceitáveis?