Ivan Fombella

As imagens captadas por Marcello Geppetti, um dos fotógrafos que nos anos 60 documentou “a doce vida” das estrelas cinematográficas na Itália e que tornou famoso o termo “paparazzi”, estão em exibição em Bolonha.

Trata-se de 25 fotografias nas quais aparecem, entre outros, Elizabeth Taylor, Richard Burton, Brigitte Bardot, Raquel Welch, Sofia Loren, Marcello Mastroianni, Alberto Sordi, Jane Mansfield, Anita Ekberg e Federico Fellini, o diretor que, em A Doce Vida (1960), retratou o dia a dia desses fotógrafos.

Marcello Geppetti (1933-1998) começou sua carreira na agência de fotojornalismo Meldoni-Canestrelli-Bozer, uma das mais importantes da época, para a que fazia fotografias da vida particular de personalidades do cinema, da cultura, do esporte e da política.

Tanto nessa agência como, mais tarde, como freelance, retratou as maiores estrelas mundiais do momento, e conseguiu grandes sucessos, como o primeiro nu de Brigitte Bardot ou a foto do beijo de Elizabeth Taylor e Richard Burton que confirmou o romance entre os dois, na época casados com outras pessoas.

Foram imagens que deram a volta ao mundo e apareceram em publicações como Time, Vogue e Life.

Outras fotos, menos polêmicas, ilustram episódios da vida cotidiana das estrelas, como Alberto Sordi tocando bandolim entre amigos em um restaurante romano e Fellini dando esmola a um mendigo.

Entre as pessoas mais famosas do mundo do espetáculo nos anos 50 e 60, talvez só faltem no extenso arquivo de Geppetti Elvis Presley e Marilyn Monroe, que nunca foram à Itália.

A exposição, chamada Mitologia da fama. A doce vida de Marcello Geppetti, que estará aberta até o próximo dia 27 de junho na galeria OltreDimore de Bolonha, contará com 25 das mais de um milhão de fotografias que Geppetti fez em toda a vida e que estava conservadas em seu arquivo pessoal.

No fim da década de 50 até o início dos anos 60, as estrelas de Hollywood e do cinema italiano eram figuras comuns nos luxuosos hotéis da exclusiva Via Veneto durante filmagens na Cinecittà, e fizeram das ruas de Roma um contínuo espetáculo que os fotógrafos italianos souberam aproveitar.

A cidade eterna era então a capital europeia do cinema, onde as equipes de todas as nacionalidades rodavam as superproduções nos magníficos estúdios da Cinecittà, como Cleópatra (1963), de Joseph Mankiewicz.

Essa vida de atores e jornalistas levou Federico Fellini a dirigir A Doce Vida, um retrato do mundo noturno de Roma que deu nome não só a essa época, mas também à classe de fotógrafos à qual Geppetti pertencia.

O personagem de Marcello Mastroianni colabora habitualmente com um repórter fotográfico chamado Paparazzo.

O sucesso do filme e do personagem fez com que, a partir de sua estreia, se passasse a conhecer os fotógrafos especializados na vida de celebridades como “paparazzi”.

No entanto, nem Geppetti nem seus colegas de profissão conseguiram fazer a foto que queriam: a de uma Anita Ekberg seminua entre as águas da Fontana di Trevi.

Esse momento, o que o imaginário popular reconhece como o símbolo de toda uma época, foi criação de Fellini, e só aconteceu dentro de seu filme.


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"Doce vida" de estrelas ressurge na Itália em arquivo de paparazzo