Até parece uma contradição, mas o fato do crédito no Brasil ser caro e de difícil acesso para os consumidores fez com que o país sofresse menos com os impactos da crise financeira internacional. Agora, é uma oferta maior de crédito que o país precisa para retomar o ritmo de crescimento do passado.

Um dos principais motivos do “tsunami” financeiro mundial foi a dificuldade que os bancos tiveram com os clientes que deixaram de pagar suas obrigações. Com isso, muitas instituições foram à falência e outras precisaram ser socorridas por governo. No Brasil, o setor passou praticamente sem sofrer com esses efeitos.

O economista e professor da Universidade de Campinas (Unicamp), Ricardo Carneiro, explica que proporção da concessão de crédito no Brasil, em comparação com outros países é muito menor. “Os defeitos do setor continuam os de sempre. O spread segue alto e as taxas de juros ao consumidor não foram reduzidas”.

Nos Estados Unidos, o problema que originou a crise foi justamente a oferta de excessiva de crédito, que eram dados com poucas ou nenhuma garantia, que geraram os chamados ativos tóxicos. Com a alta inadimplência, os bancos tiveram prejuízos bilionários.

Para se ter uma idéia, o setor bancário brasileiro foi o mais lucrativo durante o período da crise. Enquanto as instituições americanas perdiam bilhões, aqui o lucro era certo.

De acordo com um levantamento da consultoria Economatica, entre as 303 empresas com capital aberto do país, as do setor bancário tiveram o maior lucro no primeiro semestre de 2009, com R$ 14,3 bilhões, o que representa 23,5% do lucro de todas as empresas avaliadas.

Recentemente, a consultoria divulgou um ranking dos 20 maiores bancos de capital aberto da América Latina e Estados Unidos. No levantamento estão três instituições brasileiras: Banco do Brasil, Bradesco e Itaú Unibanco.


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Dificuldade de obter crédito protegeu Brasil da crise