Nesta segunda-feira (17) comemora-se um grande passo em relação aos direitos civis dos homossexuais: o Dia Internacional contra a Homofobia. Em 1990 foi retificada e, em 1992, retirada oficialmente, pela OMS (Organização Mundia de Saúde), a classificação da homossexualidade como doença. Se esse ato resolveu questões graves de abuso contra gays e lésbicas por parte das religiões, governos e familiares, ainda se tem muito a trilhar em relação a algo mais ancestral: A imagem negativa que ser gay ainda causa tantos nos héteros como nos homossexuais.

Durante mais de 3 anos que assinei, ao lado de Vange Leonel, a coluna GLS da Revista da Folha de São Paulo, uma das minhas preocupações básicas era entender e questionar como se arquitetava essa imagem negativa. Desde a grande dificuldade dos gays transformarem em orgulho aquilo que era ofensa como, por exemplo, assumir com positividade a palavra “viado”, até a negação e condenação – por parte de muitos homossexuais – das chamadas “bichas afeminados”, percebe-se bem arraigado o ícone do machismo e de sua aceitação no inconsciente da vida gay (os papeis ativo e passivo se referem muito mais ao patriarcalismo do que simplesmente meras preferências sexuais).

Entre os gays ainda encontramos uma homofobia introjetada a ser reduzida e domesticada no processo civilizatório. Nunca vi bees odiarem tanto outros homossexuais só porque elas não se enquadram em seu mundo fechado como, por exemplo, as rixas entre “barbies” e “ursos”.

Já entre os héteros, confusos exatamente por essas imagens desconexas emitidas pelos gays – ora de beleza e superioridade ora de perversidade -, acabam também tomando posições que em certo momentos são favoráveis aos direitos gays e em outros esbarram no discurso homofóbico.

Em um certo sentido, as mídias e principalmente a televisão colaboram e estimulam essa dualidade. Recentemente a revista Veja realizou uma matéria positiva sobre os jovens gays e como eles são bem aceitos na sociedade. O tom da reportagem parecia dizer que já não existe mais homofobia no país. Paradoxalmente ao positivar a imagem gay, a reportagem também coloca pra baixo do tapete problemas não solucionados como o alto número de assassinatos por ódio que colocam o Brasil em um ranking privilegiado.

Essa dualidade também acontece na televisão e na cultura das celebridades. A clássica atitude da TV Globo de ter casais homossexuais nas telenovelas, mas que não manifestam carinho e, principalmente não se beijam na boca, é um exemplo da contradição vivida hoje nas telinhas. E a comemorada saída do armário do cantor Ricky Martin veio recheada de muito preconceito, muito além das piadas e do politicamente incorreto.

Veja, clicando na imagem abaixo, situações vividas por famosos que enfrentaram a homofobia e como a TV trata a imagem gay

 

 


int(1)

Dia Internacional contra a Homofobia: Os gays ainda têm muitas imagens para construir e outras para derrubar