Os torcedores que acompanham o futebol já cansaram de reclamar das notas que os jogadores recebem no dia seguinte às partidas, sempre estampadas nos jornais. Afinal, qual é o critério dos jornalistas para avaliar os desempenhos dos atletas e resumi-los com um número? Neste ano, pouquíssimas vezes alguém fez por merecer um dez. No diário Lance!, por exemplo, o goleiro flamenguista Bruno conseguiu a cotação máxima ao defender dois pênaltis contra o Santos.
Julio Calmon é repórter do Jornal do Brasil e nunca deu 10 para um jogador. “Tem que ser uma atuação impecável em um jogo decisivo, não pode banalizar”, explica Calmon, que afirma já ter distribuído um monte de cotações nove e oito.
E um jogador que não está jogando absolutamente nada pode ganhar muitos pontos só por causa de um gol? Bem poucos e depende da jogada. “Tem gol que o jogador só empurra a bola para dentro”, especifica o jornalista do JB. “Por outro lado, o Alex Teixeira não estava jogando nada contra o América-RN, mas fez uma jogada linda e marcou o gol da virada. Ele deu o título para o Vasco”, conta Calmon. No fim, Teixeira acabou levando uma nota 9 para casa. “Não dava para dar uma nota baixa neste caso. Por mais que ele estivesse mal, marcou o gol do título”, justifica.
Hoje colunista da revista FourFourTwo, o jornalista Márvio dos Anjos relembra os tempos de Folha de S. Paulo. “Pensava-se que dez era só para o Pelé. E zero seria para um desastre completo, algo como um goleiro que tomasse cinco frangaços” exemplifica o jornalista. Ele recorda que as notas variavam entre quatro, para uma atuação ruim ou normal; e sete para quem fizesse um gol e um passe. “Se o Adriano fizesse três gols contra a Argentina, levaria oito”, arrisca Márvio.