Se hoje a profissão de DJ virou objeto de “ataques” de celebridades e já não produz mais tantas superestrelas como fazia nos anos 90, não dá pra culpar David Guetta por isso. O francês, que começou tocando house em pequenos clubes franceses no fim da década de 80, hoje é um ídolo da música capaz de lotar estádios mundo afora e um produtor requisitado por gente da envergadura comercial de Black Eyed Peas e Britney Spears.

Guetta personifica a exacerbação do pop na dance music. Prova disso é seu disco recém-lançado (inclusive no Brasil, onde saiu pela EMI), One Love, que traz participações de uma verdadeira constelação pop: Akon, Kelly Rowland (ex-Destiny’s Child), Kid Cudi, Estelle, Ne-Yo e o produtor dos produtores, Will.i.am. O disco também traz o remix da faixa produzida para o supergrupo Black Eyed Peas, I Gotta Feeling, que é considerada por Guetta, sem falsa modéstia, “o hit do ano”.

O DJ sabe que anda em ótima companhia. “Cheguei a um nível diferente, fui além da dance music. One Love é um disco pop”, disse o francês em entrevista por telefone ao Virgula. Animado com o retorno ao Brasil, país onde tem meia dúzia de datas agendadas entre 9 e 15 de novembro (ele toca na Pacha de São Paulo no dia 11/11), Guetta disse que ainda falta uma estrela em seu CV platinado: “Quero trabalhar com Madonna”. Afinal, onde cabe um Jesus Luz, deve haver espaço para um David Guetta. Leia, a seguir, a entrevista com o DJ.

Virgula – Você está voltando ao Brasil depois de ter tocado no Carnaval de Salvador pra quase 2 milhões de pessoas. Dá pra superar uma apresentação daquelas?
David Guetta – Não é só porque estou falando com você, falo isso em todas as minhas entrevistas, o Brasil é um dos lugares que eu mais adoro no mundo. Tocar no Carnaval foi uma das experiências mais fortes da minha vida. Estou super animado pra voltar ao país! Vai ser uma festa interminável, quase dez dias sem parar. Sou realmente festeiro e o Brasil é um dos países que mais combinam comigo. 

Virgula – No disco você está acompanhado por superestrelas como Akon, Will.i.am, Ne-Yo. Não lembro de ter visto recentemente um DJ num patamar tão alto da constelação pop…
David Guetta – É verdade. Foi uma honra enorme ter trabalhado com todo eles, além de ter feito com o Black Eyed Peas o que talvez seja o maior hit do ano [ele se refere à música I Gotta Feeling]. Na verdade, eles e a Kelly Rowland foram um pouco meus relações públicas. Falaram sobre mim de um jeito muito legal [pros outros convidados], me ajudaram demais. Trabalhar com essas pessoas representou minha chegada a um nível diferente, fui além da dance music. One Love é um disco pop. Mas ainda sou fiel às minhas origens. Se você ouvir as melodias, vai ver que se trata de um disco de electro.

Virgula – Um disco de electro feito com estrelas do pop?
David Guetta – Você chama de pop, mas eu prefiro chamar de R&B  urbano. Acho que é uma fusão de música eletrônica com hip hop, mas ainda assim é um disco de DJ.

Virgula – Como você conseguiu reunir todos os convidados pra gravar?
David Guetta – Reservei um espaço de três meses para gravar com todo mundo, num estúdio nos EUA. As bases do disco eu fiz ao longo de nove meses, no meu laptop, durante as viagens.

Virgula – Depois de trabalhar com tantos figurões, quem seria o próximo da sua lista?
David Guetta – Madonna! Quero muito trabalhar com ela, claro!

Virgula – É verdade que você vai trabalhar com a Britney Spears?
David Guetta – Não começamos a fazer nada ainda. A gravadora dela entrou em contato, mas nós nem chegamos a conversar.

Virgula – Você sente saudade da era dos DJs superestrelas?
David Guetta – Não, porque eu ainda estou fazendo a mesma coisa que fazia naquela época, que é alternar apresentações em clubes gigantes com lugares menores, mais underground. Para mim, essa é a coisa mais importante, é por isso que comecei nesta profissão, pela vontade de poder tocar pra todo tipo de gente. Claro que hoje toco em estádios também. Mas faço questão de manter na minha agenda pequenos clubes alternativos de techno. 

Virgula – Quantas apresentações você faz por semana e como arruma tempo para ouvir músicas novas para incluir nos sets?
David Guetta – Depende. No verão, toco quase todas as noites e produzo no avião, nos hotéis. No inverno, só toco aos finais de semana. Foi no inverno que consegui tempo para fazer One Love.

Virgula – Como você compra músicas novas pra tocar?
David Guetta – É claro que compro muita música no Beatport (site de venda de música digital), como a maioria dos DJs, mas também ganho muita coisa, conheço muitos produtores no mundo todo. Tenho muitos amigos que me mandam suas músicas no minuto em que as terminam. A gente faz muito disso. Eu sempre mando minhas músicas novas pra alguns amigos, e eles me mandam coisas também.

Virgula – Você é citado no livro hit Hell [Paris 75016, de Lolita Pille] como um ícone da juventude rica e muito louca de Paris. É legal ser um ídolo dos bem-nascidos?
David Guetta – Não conheço esse livro. Mas acho legal, sim, se eu os faço felizes, acho ótimo. Eu toco pra todo mundo, mas se os jet-setters gostam de mim, não vejo mal nisso.

Virgula – Somando os festivais por onde você passou no último verão europeu, daria pra dizer que você tocou para umas 4 milhões de pessoas. Você se sente um pouco como uma banda de rock?
David Guetta – Eu nem paro muito pra pensar nesses números, porque senão fico muito tenso. Vou tocando sem ligar muito pra essas coisas, que podem me enlouquecer.

Ouça I Gotta Feeling (FMIF remix edit)

Ouça Sexy Bitch, com participação do Akon

Confira na Rádio Uol uma seleção de música dance, começando com o hit Delirious, de David Guetta


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David Guetta representa os DJs na primeira divisão do pop