Qual será o futuro das vídeolocadoras? Assim como as lojas de discos foram (quase) exterminadas pela internet, o amanhã das locadoras de bairro ou das grandes cadeias que alugam filmes é incerto. A aposta para a sobrevivência está no mesmo elemento que mudou o ritmo delas: a própria web.

No Brasil, existe há alguns anos – e com sucesso – o mercado de aluguel por filmes pela internet. Escolhe-se o catálogo pela web, paga-se um valor mensal para poder ficar com quantos filmes quiser e se tem a comodidade de alguém vir entregar e buscar os discos em sua residência.

Recentemente, a Saraiva Digital lançou a compra por download. Internautas podem consumir de filmes a episódios de seriados pela rede. Não existe o físico, apenas o virtual. O conteúdo é baixado oficialmente, com ótima qualidade – mas com um valor bem caro, diga-se.

Nos EUA, pesquisas mostram que a solução para todos os problemas da indústria do cinema e da TV está no streaming. Sim, as pessoas não querem mais fazer o download – mas apenas clicar em um vídeo e assisti-lo rapidamente, enquanto ele carrega em tempo real. Sites de streaming estão em ascendência por lá e vão se mostrando uma solução viável contra a pirataria. Que o diga o Hulu, que tem parcerias com várias emissoras da TV aberta.

Em se tratando de filmes, o mesmo acontece. O NetFlix, maior cadeia de aluguel de filmes pela internet, tem 20% de sua clientela assistindo sua biblioteca digital por streaming. O acesso não se dá apenas pelo computador. O NetFlix tem parcerias com várias empresas e o streaming pode ser feito por videogames (Xbox 360 e PS3), televisores (modelos da Sony Bravia) e home theaters e tocadores de Blu-ray que sejam conectados à internet.

Para mostrar como está o mercado de streaming de filmes no Brasil, o Virgula testou os dois serviços que trabalham com essa plataforma: o NetMovies e o Terra TV. Confira o resultado.

APERTE O PLAY

Quando o assunto é conteúdo, o Terra TV é hoje o melhor portal brasileiro. São 280 mil vídeos, de acordo com a empresa. O grande filé são as séries, como Lost e Grey’s Anatomy, que são disponibilizados no site minutos depois dos episódios irem ao ar na TV a cabo. Porém, o arquivo cinematográfico do Terra TV ainda é muito pequeno.

São cerca de 40 filmes para streaming. Muitos deles podem ser vistos facilmente na TV aberta ou nas intermináveis reprises dos canais de filmes da TV a cabo, como Show Bar, Horror em Amityville e Bater e Correr em Londres. Em média, o portal põe um filme novo por semana.

Um aspecto positivo é que as películas disponíveis têm versões dubladas e legendadas. Também é bacana que o Terra divida os filmes em 8 partes, uma ideia interessante para que o streaming não fique tão pesado. O porém é que não dá para adiantar o filme e ele carrega em tempo real. Uma solução bem bolada foi a ferramenta de “apagar a luz”, que permite escurecer tudo o que está ao redor do player. Assim, a visualização fica mais confortável.

Quem usa o navegador Firefox terá de baixar um plugin do Windows Media Player, já os usuários de Mac OS terão de fazer o download do Silverlight. Os vídeos trazem uma curta publicidade antes de começarem, o que não atrapalha.

A qualidade da imagem, infelizmente deixa a desejar. O Terra diz trabalhar com resolução de 480 x 360 pixels. Em tese, seria qualidade de DVD. Mas nos testes foi de VHS. Exibir o vídeo em uma televisão de alta definição não é uma boa idéia, o melhor é ver em telas de até 14 polegadas. As imagem ficaram pixelizadas e ler as legendas de certos filmes foi complicado.

SÓ PARA CINÉFILOS

O NetMovies, por outro lado, tem uma prateleira virtual considerável, que vai agradar em cheio os apaixonados por cinema. São 700 títulos disponíveis e o objetivo é chegar a 2.500 até o final do ano.

O conteúdo liberado para o streaming (é preciso se cadastrar para ter acesso), na seção “Free”, remete a filmes cults, trashs e clássicos italianos e franceses de décadas e décadas atrás. Tem de Metrópolis até A Noite dos Mortos Vivos. Para quem é realmente amante da sétima arte, é possível encontrar obras de “D. W. Griffith”, pioneiro do cinema como conhecemos hoje. Hitchcock também é agraciado com alguns filmes raros e os aficionados por François Truffaut podem se deliciar com Jules e Jim.

Para quem achou tudo isso muito cabeça, dá para ver vários filmes antigos de Jackie Chan, que remetem a sua fase pré-Hollywood, e alguns curtas independentes brasileiros, como Feijão e Sobre Pão e Circo, ambos de 2008.

No NetMovies é só clicar e assistir. Algo muito bom é que o site estimulas seus clientes  a verem os filmes na TV, o que dá um indício da boa qualidade do produto. Daí depende da cópia do filme. Um Crime de Paixão teve qualidade de DVD quando visto em um televisor plasma de 42 polegadas. A qualidade de Farenheit 451, um filme de 1966, também surpreendeu. Já o material de Chan, que tem mais de três décadas de vida, foi sofrível para ser assistido até na tela do notebook.

Os filmes não são divididos em partes, mas colocados integralmente. Em alguns poucos momentos, isso fez os vídeos apresentarem rápidos “buffering”, mas foi muito pouco mesmo.

SINOPSE

A análise final foi positiva e provou que o streaming gratuito é algo muito interessante e de futuro promissor. Se um dia poderemos ver um filme disponível nessa plataforma em HD, isso dependerá primeiramente da qualidade da banda larga brasileira. Isso justifica a razão da qualidade similar ao VHS que o Terra TV oferece. Por ser um portal muito popular, o site tem de se adequar ao “povão”. Mas os avanços tecnológicos anos após ano são notáveis. O NetMovies também é uma boa opção e atende mais um mercado de nicho com o seu material para streaming, o que justifica os filmes com qualidade de imagem superior.

Fica a torcida para que nasçam mais serviços desse tipo no Brasil. Exemplos bem-sucedidos nós já temos.


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Dá para ver filme por streaming oficialmente no Brasil? Virgula fez o teste