Na década de 50, eles estavam para a literatura assim como os punks estiveram para a música em 80. Chamados de beatniks, esses escritores queriam aproveitar a vida ao máximo e, principalmente, se libertarem dos padrões “caretas” da época.

Meia década depois, esse grupo de “malditos”, como também são chamados, vão parar nas telas dos cinemas em produções para lá de grandes. Ainda sem previsão de estreia, o longa On the Road, dirigido pelo brasileiro Walter Salles, será baseado em uma das grandes obras da literatura beat, o livro homônimo de Jack Kerouack, que narra a viagem do escritor pela América.

Já em 2010, estreia uma cinebiografia dedicada ao escritor Allen Ginsberg, que será interpretado pelo ator James Franco (Homem Aranha e Milk – A Voz da Igualdade). Ginsberg, considerado um dos grandes expoentes (e malucos) da literatura beatnik, é o autor de O Uivo, poema-manifesto desta geração, que tem seus reflexos na sociedade até os dias de hoje.

Portanto, já prepare-se para acompanhar essas obras no cinema. O Virgula conversou com Flávia Benfatti, especialista na literatura beat, que explica quem são esses caras, que influenciaram tanto o pensamento libertário ocidental.

CONTRACULTURA

Por meio da literatura e de seu comportamento nada comum para a época, os beats condenavam a sociedade puritana e capitalista. Para mostrar suas insatisfações e aliviar suas tensões, eles se jogavam sem limites em um mundo de drogas e sexo.

Na sociedade moderna, esse grupo foi um dos primeiros a viver cada momento intensamente, satisfazendo todos seus desejos. Segundo a estudiosa Flávia Benfatti, “os beats foram vistos como marginais, ou malditos, pelos setores tradicionais da sociedade norte-americana”.

“Então eles buscaram experiências que iam contra o establishment, justamente porque não compactuavam com uma prosperidade material que se munia da discriminação”, diz.

A INFLUÊCIA BEATNIK

Esse modo de vida lembra algo ou alguém? Pois saiba que foram os beatniks que deram um pontapé inicial em diversos movimentos culturais da atualidade.

O próprio Ginsberg foi um dos idealizadores do estilo e manifestação hippie, cunhando o termo flower power. Como lembra Flávia, “muitos músicos e escritores também foram influenciados pelos beats”.

No Brasil, a cultura beat começou a pegar em 80, quando tradutores resolveram recuperar essa literatura e as editoras lançaram diversos títulos. Assim, nomes como Cazuza e Reinaldo Moraes também beberam das fontes beats.

Lá fora, toda uma geração de músicos, pós 1960 até a década de 1990, mostram influências dos escritores. “Em 1992, Kurt Cobain lançou um álbum com o escritor beat William Burroughs, intitulado The Priest They Called Him, no qual Cobain toca guitarra ao som da voz de Burroughs”, cita a especialista em cultura beat.

“John Lennon teria mudado o nome da banda de Beetles para Beatles por causa do movimento literário. Lou Reed, Bob Dylan, o escritor Charles Bukowski foram também contaminados pelos escritores”, relembra.


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Cultura beat: dois filmes sobre a geração estão a caminho

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