Unarmed Best-Of 25th Anniversary, novo disco do Helloween, tinha tudo para ser um desastre: para celebrar 25 anos de carreira, os alemães pioneiros do heavy metal melódico decidiram regravar seus principais hits em formato acústico, com arranjos BEM diferentes das versões originais tem pop, música clássica, country-rock, baladas e até uma pitada de soul. Mas, surpresa!, o disco possui mais bons do que maus momentos.
Logo na primeira música, Dr. Stein, dá para tomar susto: o hard/heavy rock da gravação original vira uma música que parece Roupa Nova, com direito até a solo de saxofone. Mas vale a pena continuar a audição, porque a próxima música é uma das melhores: Future World aparece em uma releitura pop, com violões, de muito bom gosto, superando até a versão registrada no clássico CD Keeper of the Seven Keys (1987).
A faixa acima evidencia, aliás, o principal mérito de Unarmed…: sem as guitarras rápidas e pesadas, os arranjos mostram que várias músicas do Helloween possuem melodias grudentas e muito legais. Dá para perceber isso principalmente nas excelentes versões soft rock/acústicas de If I Could Fly, Where the Rain Grows , Perfect Gentleman e do hino Eagle Fly Free, que contou com a participação do Hellsongs, banda sueca famosa por regravar clássicos do metal em arranjos intimistas.
Há três derrapadas graves no disco: A Tale That Wasn’t Right, a longa e sonolenta versão orquestral das três músicas da trilogia Keeper, tocadas na sequência, e a balada Forever and One, que ficou brega em arranjo voz-e-piano. No resto, o Helloween (em especial, o ótimo vocalista Andi Deris) fez um ótimo trabalho e revelou que, por trás dos clichês do heavy metal melódico – criados por eles mesmos – que permeiam seu repertório, existe uma banda de ótima musicalidade e que, por isso mesmo, poderia ser bem mais versátil do que demonstra em seus discos de carreira.