O DVD e o CD O Baile do Simonal (EMI) fecham o ano no qual documentário, livro e relançamento dos discos finalmente recolocaram o nome do grande Wilson Simonal na história da música brasileira, sonho maior de seus dois filhos Wilson Simoninha e Max de Castro. Os dois irmãos idealizaram, produziram e fizeram a direção musical da homenagem gravada dia 11 de agosto no Viva Rio, no Rio de Janeiro.
Se faltou ousadia na escolha dos convidados – lá estão os nomes de sempre do pop rock e da MPB -, sobrou descontração, sofisticação nos arranjos e, acima de tudo, muito respeito à música do Rei do Swing.
Os destaques vão para as participações de Seu Jorge, que deixou a pose cool um pouco de lado e incorporou um autêntico Simonal do século 21 com País Tropical, e de Marcelo D2, que fez com que a pilantragem de Nem Vem Que Não Tem parecesse ser de sua autoria.
Mart’nália deitou e rolou com a malemolência de Mamãe Passou Açúcar Em Mim e Carango ganhou uma grande interpretação de Samuel Rosa, do Skank. Max brilha com Meu Limão, Meu Limoeiro, que, sob seu comando, vira até jazz e reggae.
Rogério Flausino não faz feio com Meia Volta (Ana Cristina), resgatando a fase black dos primeiros anos do Jota Quest. E, representando o Exaltasamba, Thiaguinho e Péricles divertem com o clima latino dado a Na Galha do Cajueiro.
Logo Maria Rita, uma das artistas mais familiarizadas com a obra de Simonal, fez da interpretação de Que Maravilha uma mais fracas da homenagem, com um tom over para a canção. Mesmo caso de Sandra de Sá, que desfigura toda o charme da elegante Balanço Zona Sul. Sá Marina, uma das mais belas músicas brasileiras de todos os tempos, não ganhou de Alexandre Pires uma interpretação à altura da beleza da canção.
Infelizmente, uma das versões mais criativas – a de Zazueira funk de Lulu Santos – entra apenas como faixa-bônus nos créditos do DVD. O artista não participou do tributo ao vivo por causa de outro compromisso anteriormente marcado. E é sentida a ausência de Jorge Ben Jor, justamente o autor de vários dos hits de Simonal. Nos extras, há um breve documentário que mostra o clima descontraído dos ensaios e dos bastidores da gravação.
Para quem acha que já se falou muito de Simonal esse ano, para 2010 ainda estão previstos um musical, um disco de inéditas e o esperado lançamento em DVD do histórico show que o cantor fez com Sarah Vaughan em 1970. Exagero para uns, mas ainda pouco para recuperar os quase 40 anos em que o maior showman do Brasil esteve relegado ao limbo da música brasileira.