Os portos da América Latina estão adotando ou buscando estratégias para operar de forma sustentável perante o reconhecimento de que também são responsáveis pela mudança climática, que eleva o nível dos oceanos e põe em perigo sua própria existência.
O tema voltou à tona na 1ª Convenção Hemisférica de Proteção Ambiental Portuária, convocada pela Organização dos Estados Americanos (OEA) e que terminou nesta quinta-feira em Foz do Iguaçu.
A reunião serviu para que os responsáveis pelos portos de vários países da região expusessem seus projetos para operar de forma sustentável e para uma troca de experiências bem-sucedidas.
A convenção foi aberta na noite de quarta-feira com a advertência do oceanógrafo francês Jean-Michel Cousteau, filho de Jacques Cousteau. Segundo ele, com o atual ritmo de aquecimento global, vários portos ficarão debaixo d’água em um futuro muito próximo, “que pode ser 20, 30 ou 40 anos”.
“Os 35 maiores portos públicos marítimos brasileiros tiveram uma reunião preparatória para este encontro na qual reconhecemos que todos cometemos erros no passado e que temos que nos comprometer com uma gestão sustentável”, disse o superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Daniel Lúcio Oliveira de Souza.
Segundo o consultor alemão Roberto Mayerle, investigador da Universidade de Kiel, os portos têm um elevado impacto ambiental e social nas regiões em que operam e geralmente estão em conflito com as cidades em que estão instalados.
Além de serem grandes fontes de contaminação das águas, os portos são responsáveis por processos de sedimentação e erosão, e por alguns graves acidentes ambientais.
O secretário do Comitê Interamericano de Portos da OEA, Carlos Gallegos, disse que a organização negocia há dois anos uma declaração que estabeleça os padrões sustentáveis a serem seguidos pelos terminais de todo o continente e que pode ser aprovada em breve.
“As consequências das mudanças climáticas foram advertidas pelos cientistas e agora nós temos que assumir nossa responsabilidade e apresentar o que possamos para enfrentar o problema”, disse Gallegos.
Entre as experiências apresentadas destacou a do porto de Long Beach (Califórnia), um dos maiores dos Estados Unidos e pelo qual diariamente circulam cerca de 16 mil caminhões. “Desde que adotamos medidas para reduzir a poluição desses veículos, entre elas a proibição de circulação de caminhões fabricados antes de 1989, conseguimos diminuir em 50% a emissão de gases poluentes”, disse o vice-presidente da Junta de Membros da comissão desse porto, Mario Cardeiro.
Mayerle, que coordena estudos para garantir a gestão sustentável dos portos brasileiros de Paranaguá e Rio Grande, assegurou que as tecnologias para reduzir os impactos ambientais dos portos já existem, e que o que falta é diagnosticar os problemas e adotar soluções mais adequadas.