Graças a campanhas bem-sucedidas na mídia, todo mundo sabe hoje em dia qual destino deve dar ao lixo reciclável, ou seja, resíduos de plástico, papel, vidro e outros materiais: separar em recipientes diferentes e levar a oficinas ou entregar a algum carroceiro. O que fazer, então, com os restos orgânicos, como cascas de ovo ou comida descartada?

Em vez de simplesmente embalá-los e esperar a passagem do caminhão da Prefeitura, dá para reciclar tudo isso em casa, a custo zero, e ter como resultado adubo líquido e sólido de primeira qualidade. É o que garantem os criadores da Minhocasa, um sistema de reciclagem que reaproveita o lixo doméstico por meio da criação de… minhocas.

Pertencentes a duas espécies – vermelha da Califórnia e gigante africana -, os anelídeos “moram” na Minhocasa, um conjunto de três caixas dotadas com pequenos furos, e são responsáveis por comer todo o lixo orgânico da residência. Eles ficam no recipiente intermediário, junto a uma porção de húmus cedidos pelo fabricante, onde os resíduos são depositados. Após mais ou menos 50 dias de uso do sistema, o lugar fica cheio.

“Quando não há mais espaço, a pessoa começa a botar o lixo na caixa superior. Com o tempo, as minhocas ficam atraídas e ‘sobem’”, explica César Cassab Danna, diretor-administrativo da empresa que comercializa o sistema. “Enquanto isso, no recipiente do meio, o que resta é a mistura do húmus com o esterco da minhoca, que possui consistência e cheiro de terra preta”, garante.

O próximo passo é retirar esse material da caixa intermediária e trocá-la de posição com a superior, onde estão as minhocas e o lixo. Na caixa inferior, ficam os resíduos líquidos, provenientes do excesso de umidade dos alimentos, que saem do sistema por meio de uma torneira.

Tanto o líquido quanto o esterco que resultam da alimentação das minhocas são adubos ideais para todo tipo de planta, afirma Danna. “E, como é um processo aeróbico, não há fermentação. Logo, não há o fedor característico de lixo no ambiente em que a Minhocasa está instalada”, garante ele, que aponta outra vantagem: por não ter cheiro, o sistema evita a presença de ratos, formigas, baratas e outros insetos que povoam toda cozinha, ainda mais aquelas cuja limpeza não é exemplar.

De acordo com o diretor-administrativo, o lixo precisa estar picado e ter pelo menos o dobro de matéria seca para ser ingerido pelas minhocas. “Isso inclui cascas de frutas e verduras, alimentos já cozidos, pão embolorado, folhas secas, guardanapos, coadores descartáveis e outros papéis”, afirmou. Quando esse material estiver molhado, basta deixá-lo por alguns dias (uma semana, aproximadamente) até que fique seco.

Todo tipo de resíduo pode ser reciclado na Minhocasa, exceto pedaços de carnes, ossos e frutas cítricas em excesso. Se for colocado em um lugar sombreado e fresco, o sistema pode ficar até 45 dias sem receber alimentação. Ah, e não há perigo de as minhocas saírem do local e andarem pela casa, desde que as instruções acima sejam seguidas à risca.

Primeiro mundo

Simpática e bastante prática, a Minhocasa também representa um benefício e tanto para o ecossistema de qualquer cidade. “De 60% a 70% de tudo que jogamos fora é lixo doméstico. E isso causa um enorme impacto ambiental”, avisa Danna.

“A coleta leva o material para lixões e aterros. Lá, ocorre o processo de fermentação. Como resultado, forma-se gás metano e o chorume, aquele líquido de cor escura e cheiro horrível, que escorre pela terra e contamina o lençol freático e os rios”.

A idéia para a criação do sistema vem da cidade de Sidney, na Austrália, onde o governo promove políticas direcionadas à reciclagem de lixo doméstico. “Lá, vimos composteiras e minhocasas domesticas custeadas pelas prefeituras. As família que aderem a esse sistema tem abatimento fiscal de impostos municipais”, explicou Danna. “É que, para elas, é mais barato incentivar a população a tratar o próprio lixo do que bancar uma estrutura grande de coleta”, afirma.

Embora seja produzida sem grandes incentivos do poder público, a Minhocasa já tem quatro anos e mais de 2 mil unidades vendidas em todo Brasil – uma delas, para o ator Marcos Palmeira. Os interessados em comprar um sistema podem adquirir dois kits, de tamanhos diferentes, indicados de acordo com a quantidade de lixo produzida.

“O sistema menor, ideal para quem mora sozinho ou com mais uma pessoa, tem capacidade diária de 500 ml de lixo orgânico. Para famílias de três a quatro integrantes, recomenda-se o kit maior, que cabe 1 litro de material por dia”, garante Danna.

Preços e mais informações:

www.minhocasa.com
minhocasa@gmail.com


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Conheça a minhocasa, sistema doméstico de reciclagem de lixo orgânico

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