O surfe sempre foi conhecido por ser um esporte que possibilita uma série de derivações. Nas águas, e com a criatividade dos praticantes, velas, pára-quedas e outros acessórios foram adicionados à prancha, que também se adpatou na geração de novas modalidades de ação. Assim nasceram o windsurfe e o kitesurfe. Os skatistas, esportistas co-irmãos dos surfistas, também não ficaram atrás e, na Califórnia (EUA), meca dos esportes radicais, desenvolveram o mountainboard, também conhecido ATB (All Terrain Board). Isso foi há 16 anos.
Numa tradução ao pé da letra, ATB quer dizer prancha para todo tipo de superfície. Na prática, é o que representa o mountainboard. Cansados de depender de condições climáticas – no caso do snowboard (skate de neve) os atletas dependem da neve -, os americanos desenvolveram uma prancha parecida com a do skate. Mas bem mais flexível, por ser regulável. Ela conta com rodas infláveis maiores que a da tradicional prancha de skate e presilhas para os pés. O restante é praticamente igual ao skate, com sistema de eixos e suspensão.
Esse equipamento, modificado, propicia aos amantes do mountainboard diferentes manobras e modos de praticar. Todos, porém, recheados de adrenalina, como a categoria Downhill, que significa descer um morro (ou terreno inclinado) em alta velocidade. Outra é a Boarder Cross, que acontece com duas ou mais pessoas simultaneamente.
Outra com longa descida é o Big Air, que inclui rampa para ajudar a impulsionar o praticante que, nesse ‘voo’, pode fazer diversas manobras aéreas.
A Slopestyle é uma das manobras que mais se assemelham às praticadas no skate. Nela o atleta circula por diversos obstáculos, como corrimões, escadas, costelas e paredes. O mais comum entre os amadores é o Free Ride, onde o praticante anda em qualquer lugar, aproveitando os obstáculos naturais, sem muito compromisso com um objetivo final.
O trunfo da modalidade é ser praticada em qualquer condição climática e em qualquer tipo de terreno. “Costumo praticar no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, porque lá tem asfalto, barranco, grama, enfim, todo tipo de pista”, afirma o estudante Marcos Rimmelh, o “Bituca”, como gosta de ser chamado. Talvez pela facilidade se encontrar um lugar para as manobras, o ATB também é o esporte favorito de muitas crianças. Com mais estabilidade que o surfe e o skate, o mountainboard é visto como um esporte em que pessoas mais novas conseguem se adpatar melhor e aprender rapidamente.
Para facilitar o equilíbrio e garantir maior segurança, a modalidade traz a possibilidade do atleta se adaptar ao local de prática. Segundo os praticantes, a principal forma de se adequar é esvaziar ou encher as rodinhas. Quanto mais cheia, melhor para pisos planos, e maior a velocidade. Já as rodinhas mais vazias servem para rampas, declives e depressões, e menos dificuldade na realização de manobras.
Apesar da maior facilidade em relação às modalidades irmãs, o mountainboard requer cuidados, especialmente para iniciantes. Quem vai começar a praticar deve usar os equipamentos de segurança específicos para a esse tipo de modalidade. E vale sim estar protegido porque os tombos são inevitáveis. Uma dica de Bituca é evitar descidas longas e muito íngrimes no início.