É comum as meninas sofrerem de cólicas desde a primeira menstruação, mas é muito importante ficar de olho na intensidade dessas dores, já que elas podem esconder algo mais sério, a endometriose. A doença é pouco conhecida mas segundo especialistas afeta cerca 6 milhões brasileiras e é uma das principais causas de infertilidade feminina.
Para o Dr. Seizo Ohara, ginecologista do Hospital Professor Edmundo Vasconcelos, “o principal sintoma são as cólicas menstruais, que tendem a aumentar cada vez mais. Pode também a mulher ter muita dor na relação sexual e em um estágio mais avançado ter dor na evacuação e micção. Estas dores pioram muito justamente na época da menstruação, porque os focos de endometriose também sangram, provocando irritação na camada de dentro do abdômen (peritoneo)”.
A endometriose não depende da idade para se manifestar. “Até alguns anos atrás (por volta de 30 anos) a endometriose era considerada uma doença da mulher na idade reprodutiva. Hoje diagnostica-se a doença tanto em jovens por volta de 10 anos como em mulheres com 50 anos”, diz o médico.
O tratamento inicial é com medicamentos. “O principal objetivo é fazer com que o ovário pare de produzir hormônio para que os focos diminuam de tamanho e número. Em muitos casos é dado progesterona continuadamente para a paciente, mas em casos mais avançados esse medicamento faz pouco efeito, tendo que lançar mão de medicamentos que além de inibir o ovário, também vão agir sobre os focos.”
Caso não seja tratada, pode haver complicações, pois a endometriose pode “fechar” a trompa (formando aderências dentro delas) e não permitir o encontro do óvulo com o espermatozoide. Também existem casos mais avançados em que há uma verdadeira destruição dos ovários pela endometriose, sendo obrigado a retirá-los em uma cirurgia. “Existem casos em que apenas o tratamento clínico não responde bem e a doença continua avançando, formando mais focos e aumentando muito os já existentes. A laparoscopia resolve a maioria dos casos, podendo fazer cirurgias desde retirar e cauterizar os focos como também podendo até retirar ovários, trompas e útero”, conclui.
Hábitos que proporcionem qualidade de vida, como boa alimentação, exercícios físicos e principalmente o hábito de não fumar também ajudam no tratamento.