O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Dimas Lara Barbosa, afirmou nesta sexta-feira (13/03) que o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, não excomungou nenhum dos envolvidos no aborto da menina de 9 anos violentada em Alagoinha (PE).
Segundo Barbosa, o arcebispo apenas lembrou uma norma existente no direito canônico que considera excomunhão instantânea a prática do aborto. O secretário também esclareceu que o estupro não é punido com excomunhão porque não está previsto nas leis da igreja.
“Em alguns casos especiais, se prevê esse tipo de pena, em que a pessoa pelo simples fato de cometê-lo, se coloca fora da comunhão”, disse, após o encerramento da reunião do Conselho Permanente da entidade.
“As pessoas que trabalham contra o nascituro, conscientemente, se colocam fora da comunhão da igreja, porque elas já não comungam com o pensamento cristão, que é em defesa da vida”, afirmou Barbosa.
Ele preferiu não opinar sobre a excomunhão das pessoas envolvidas no aborto. “Não sabemos quem tinha consciência ou não do ato”, disse. Entretanto, para ele, a pessoa menos responsável é a mãe da menina, pois ela agiu sob pressão ao autorizar o aborto.
O presidente da CNBB, Dom Geraldo Lyrio Rocha, afirmou que a excomunhão não tem relação com condenação eterna. “Excomunhão não é sinônimo de condenação ao inferno. Digo isso por causa do imaginário popular, quando alguém é excomungado parece que foi condenado ao inferno.” Ele explicou que o ato de excomungar alguém é a punição de um delito e pode ser reconsiderado pela igreja se a pessoa não infrigir novamente o código canônico.
Segundo ele, a repercussão da excomunhão dos médicos envolvidos mudou o foco da situação e esvaziou o debate da sociedade. “Esse aspecto tão repugnante do que foi o crime praticado, se diluiu diante da história da excomunhão”, disse.