Um novo jeito de fazer cinema será apresentado aos paulistanos. O Cinema Vivo, um projeto inovador e bastante simples, pretende rodar Fluidos, o primeiro longa metragem ao vivo brasileiro.
A ideia é a seguinte: enquanto os espectadores estão sentados nas poltronas da sala de cinema, os atores estão pelas ruas gravando as imagens, que são exibidas na telona em tempo real. O casamento entre teatro e cinema que o projeto propõe é radical. Maluco, não?!
O enredo do filme conta a história do cotidiano de três relacionamentos, que se passam nos arredores da sala de cinema. Para tal, o grupo de atores já ensaia as cenas desde o final de março, se preparando para a estreia do filme que será no dia 16/05, no Centro Cultural São Paulo.
Por causa do ao vivo os atores poderão enfrentar várias situações que nem eles imaginam como chuva, frio e até os moradores dos arredores. Nesta semana, durante os ensaios, pessoas que passavam pelo local do ensaio, incomodadas com uma cena mais “sensual” na praça, agrediram fisicamente os atores.
O ator Laerte Késsimos, o mais espancado, saiu com alguns ferimentos pelo corpo, mas todos ficaram muito assustados e levemente machucados, disse a produção em uma nota. Não nos sentimos seguros para continuar o projeto naquele espaço.
O Virgula conversou com o Alexandre Carvallho, o diretor geral de Fluidos, que nos contou um pouco mais sobre essa nova experiência, que segundo ele será a “dessacralização da sétima arte”. Confira a entrevista na íntegra:
Virgula: Há quanto tempo estão ensaiando?
Alexandre Carvalho: O processo de ensaio durará cerca de um mês. Estamos ensaiando, diariamente, desde o final de março.
V: Qual será a história do filme?
AL: O filme conta a história do cotidiano do entorno do centro cultural através da história de três relacionamentos que tem em comum a dependência pela imagem sintética e a instabilidade de um presente fugaz.
Enquanto um casal torna-se escravo de seus próprios fetiches, uma mulher encontra o marido apenas pela internet e um garoto expõe sua vida num programa de televisão sensacionalista.
V: Como surgiu a ideia de fazer um longa ao vivo? Vocês se basearam em alguma corrente do cinema?
AL: A idéia surgiu por uma vontade de compartilhar com o espectador, não somente o filme pronto, mas a estrutura do processo cinematográfico. Parte também de uma inquietude para tornar o filme, não uma coisa petrificada na película, mas um organismo em plena evolução, que dialoga verdadeiramente com a realidade.
Depois da idéia formatada e premiada, acabei descobrindo uma corrente forte no exterior denominada de “live cinema”, também interessante, mas que na quase totalidade é composta de experiências sensoriais e abstratas de veejays e videoinstalações.
No Cinema Vivo, queremos resgatar e potencializar a linguagem cinematográfica, fazendo realmente um longa-metragem de ficção ao vivo.
V: Em quais locais se passarão o filme?
AL: As apresentações acontecerão no Centro Cultural da Juventude e no Centro Cultural São Paulo. Todas as cenas do filme acontecem nesses espaços e nos arredores, construindo uma história que invade e é invadida pelo bairro.
V: Vi que o filme será exibido em três datas. Ele será encenado ao vivo todas essas vezes?
AL: Ele será exibido ao vivo nas 4 apresentações. Cada dia um filme diferente devido ao imponderável do “ao vivo”.
>> Conheça as principais regras de filmagem do Cinema Vivo:
– Não há cortes numa mesma locação;
– Um personagem não pode sair de uma locação e aparecer em outra imediatamente;
– Três principais locações, com possibilidades de sublocações (de acordo com o alcance da tecnologia);
– Nas imagens externas, sempre as mesmas condições do ambiente e meteorológicas: sempre é dia, ou sempre é noite, ou sempre está nublado;
– As trocas de figurino e maquiagem devem ser rápidas e feitas na própria locação;
– As cenas não podem ter duração muito breve, para dar tempo de deslocamento de atores de uma locação para outra; e,
– Há espaços para improvisações, cacos, e inserções de informações atuais cotidianas nos diálogos dos personagens.
Serviço:
Fluidos
Duração: 70 minutos
Gênero: drama (ficção) – ao vivo
Classificação etária: 14 anos
Onde e quando:
>> Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso – São Paulo-SP – Tel. (11) 3397-4002)
– 16/05, sábado às 14 horas – ENSAIO ABERTO
– 24/05, domingo às 14 horas – APRESENTAÇÃO
– 30/05, sábado às 14h – APRESENTAÇÃO