O diretor francês Joann Sfar estreia na Espanha, e em breve na Argentina, México e Brasil, Gainsbourg, Vie Heroique (Gainsbourg, vida heroica), um filme sobre o ícone da “chanson” francesa Serge Gainsbourg.

Para o diretor, Gainsbourg foi um “provocador” que só poderia encontra comparação nos dias de hoje na transgressora e exótica artista Lady Gaga.

“Gainsbourg” é uma cinebiografia que aborda com humor a vida de um dos símbolos da França, o pianista, cantor, pintor e poeta, conhecido no resto do mundo por sua canção Je t’aime moi non plus e por seu affair com Brigitte Bardot.

Este filme é a estreia cinematográfica de Joann Sfar (Nice, 1971), um apaixonado desenhista de histórias em quadrinhos, reconhecido em meio mundo e aclamado na sua França natal por suas criações Pequeno Vampiro, Grande Vampiro e O gato do Rabino, que agora está sendo preparado para virar uma animação de 3D.

Atualmente é também um diretor de cinema inovador, sensível e divertido que obriga os amantes do cinema a conviver por duas horas e dez minutos com o seu Gainsbourg – Eric Elmosnino – uma réplica de si mesmo, narigudo – mais do que o próprio Gainsbourg -, de longas mãos ossudas e orelhas enormes, cuja missão é influenciar nas decisões do artista.

“Não queria fazer só uma cinebiografia – explica o diretor em entrevista à Agência Efe -, mas um musical que contasse seu modo de viver, de falar, não seu sucesso; por isso só usei suas lembranças, não o que outros disseram dele, embora às vezes estivesse bêbado e em outras tenha dito muitas mentiras”.

O filme conta a história de Serge (Lucien) Gainsburg desde as primeiras aulas de piano dadas pelo seu pai – um músico judeu russo-francês – em plena invasão nazista, os primeiros passos como pintor e até os últimos meses de uma vida salpicada de escândalos, provocação, mulheres e intelectuais rebeldes, entre poemas de Charles Baudelaire e contos de Boris Vian.

O diretor sabe que Gainsbourg é um símbolo, “e não só da França: é um macho, um dom Juan frágil que não muda; sempre é como um menino de dez anos enquanto tudo cresce ao seu redor”.

“É o mito do sedutor tragicômico, às vezes ridículo, às vezes, feio, e outras muito elegante: um tipo de homem que não existe hoje. Por isso, adoro sua relação com Brigitte Bardot, porque só foram três meses, mas ela era outro símbolo da França, um ideal de poder, um excesso”.

A pergunta, reflete Sfar, é saber se a Europa é capaz de produzir um símbolo tão forte como Gainsbourg: “uma pessoa feia, que não se ama, que tenta ser famosa no mundo todo”.

Essa provocação hoje se chama Lady Gaga, afirma Sfar, mas não vê claro que a Europa seja capaz de criar “algo assim”.

Apesar da dissoluta vida do artista, o filme é um conto no qual o sexo está presente, como estão seus excessos com o tabaco e o álcool, sem estridências; de fato, comenta Sfar, sua filha Charlotte, fruto da relação com Jane Birkin, aceitou o filme “porque entende como uma homenagem”.

Mas nem ela, tampouco sua mãe o viram pronto “porque o consideraram doloroso demais”, revela.

“Quem está encantada é Bardot – comenta Sfar -, porque Laetitia Casta” recria com perfeição a diva francesa.

“Venho a partir do universo da história em quadrinhos, e minhas histórias têm ótimas vendas nos EUA: eu gostaria de fazer um cinema que funcionasse da mesma forma, do estilo de Guillermo del Toro, Alfonso Cuarón e Tim Burton”, conclui.

O filme estreia em 9 de julho na Espanha e terá distribuição para 30 países, entre estes, Argentina, México e Brasil. Na França, a obra foi vista por mais de 1 milhão de pessoas.


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Cineasta diz que Serge Gainsbourg hoje só é comparável a Lady Gaga