Na próxima terça-feira (31), uma reunião entre representantes do governo do Amazonas e do Comando Militar da Amazônia vai definir um plano estratégico para ação nos municípios prejudicados com as fortes chuvas ocorridas nos últimos meses no estado e, com isso, auxiliar as famílias atingidas pelas inundações. Na oportunidade, também serão discutidas medidas de proteção e apoio a outras localidades que podem afetadas pelo problema, tendo em vista que o pico da cheia deve ocorrer somente em junho, de acordo com as previsões do Serviço Geológico do Brasil.

Segundo o secretário de Governo, José Melo, aproximadamente 12 mil famílias já foram atingidas pela cheia. Ele ressaltou que não há desabrigados e os principais prejuízos se referem à perda de plantações.

“Com os alagamentos, plantações de banana, mandioca e hortaliças de modo geral, por exemplo, foram encobertas. Outras famílias preferiram se deslocar para outras áreas para dar continuidade aos seus trabalhos de produção rural”, relatou.

De acordo com José Melo, as áreas mais prejudicadas com as fortes chuvas estão localizadas em Tabatinga, Atalaia do Norte e Benjamin Constant, na região do Rio Solimões; Canutama, nas proximidades do Rio Purus; Guajará, perto do Rio Juruá; e em Barreirinha, na região no Rio Amazonas.

Todas elas decretaram situação de emergência. Segundo previsões do governo estadual, há indicação de que outros municípios possam também ser prejudicados nas próximas semanas. Boca do Acre, Pauiní e Ipixuna estão entre os que já estão na lista de atenção especial das autoridades públicas. Melo acrescentou que as equipes da Defesa Civil dos municípios e do estado estão unidas para atender essas famílias. Segundo ele, a seca de 2005 foi uma grande lição que vai ajudar no planejamento das ações a serem realizadas neste momento.

“Preparamos um plano emergencial, a exemplo do que fizemos em 2005, quando houve a grande seca. Ainda teremos mais um mês de cheias. O problema foi que este ano as chuvas vieram mais cedo e mais intensas. Em comparação com o mesmo período de 2008, grande parte do Amazonas registra hoje pelo menos um metro a mais no nível das águas. Isso nos preocupa, mas precisamos ficar em estado de alerta para saber se as chuvas vão continuar intensas e decidir o que será feito”, resumiu.

A Defesa Civil do Amazonas informou que, oficialmente, sete municípios e o ramal Cachoeira da Morena, localizado próximo à Hidrelétrica de Balbina, no município de Presidente Figueiredo – a 107 quilômetros de Manaus – estão em situação de emergência. Os municípios atingidos pelas inundações são Atalaia do Norte, Barreirinha, Benjamin Constant, Canutama, Guajará, Itamarati e Tabatinga.

Também na próxima semana, a Defesa Civil estadual deve concluir um relatório com a avaliação geral dos danos materiais e do número preciso de pessoas afetadas. O objetivo é que o documento possa auxiliar o Poder Público na tomada de decisões. Antes disso, contudo, 1.730 cestas básicas que já foram compradas serão enviadas nos próximos dias para o primeiro município a ser atendido, Benjamin Constant, localizado a 1.116 quilômetros de Manaus e onde mais de 2,2 mil pessoas estão em situação de risco.

“Vamos ajudar os municípios já atingidos e ficar de olho nos que estão em estado de alerta. Repito, tivemos uma grande lição com a seca de 2005 e, agora, a tendência é que tudo corra com sucesso e menos transtornos. Diferentemente da seca, com a cheia não teremos dificuldade para escoar os materiais e equipes pelas estradas da Amazônia que são os rios”, finalizou Melo.

Em entrevista à Agência Brasil, a chefe do Instituto Nacional de Meteorologia no Amazonas (Inmet/AM), Lúcia Gularte, confirmou que, desde outubro de 2008, o estado registra chuvas acima da média em função do fenômeno La Niña. A avaliação do Inmet comprova a chegada precipitada das chuvas no inverno amazonense este ano, já que a estação caracterizada pela presença das chuvas na região, deveria ter início apenas no mês de dezembro.

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Chuva prejudica 12 mil famílias no Amazonas