O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ofereceu hoje comprar do Brasil dez mil veículos a gás por ano e criar um fundo especial binacional para financiar projetos em áreas que considera prioritárias, como a automotiva, a agroindústria e a de medicamentos.

“Podemos fazer um plano a quatro ou cinco anos, e o Brasil pode nos fornecer vários milhares, não me atrevo a dizer quantos, ponha dez mil para começar, veículos ao ano, que consumam gás”, declarou Chávez.

O presidente fez essas declarações durante o ato de assinatura de oito convênios entre seu Governo e uma delegação de 80 empresários brasileiros, que terminou nesta quinta-feira uma visita de dois dias a Caracas.

Chávez disse que o Brasil pode ajudar Governo venezuelano a desenvolver os planos de “gás veicular” na Venezuela, quinto exportador mundial de petróleo e onde, como disse, se “esbanja gasolina”. No país, o combustível é vendido pelo valor mais baixo do mundo: 0,097 bolívares (US$ 0,045) o litro.

O acordo confirma a intenção venezuelana de substituir a compra este ano de dez mil carros da vizinha Colômbia, em meio à nova crise bilateral derivada do conflito interno colombiano.

Em discurso perante os empresários brasileiros, Chávez ressaltou que o setor automotivo faz parte da dezena de áreas que considera prioritárias dentro dos projetos bilaterais entre Venezuela e Brasil.

“Automotivo, agroindústria, remédios, materiais de construção, petroquímica, equipamentos petroleiros, mecânica, eletrônica, rede têxtil e material de defesa”, essas são as “prioritárias”, disse o chefe de Estado.

Para assegurar o financiamento de projetos nessas áreas prioritárias, Chávez propôs “criar um fundo especial binacional”, sem dar mais detalhes.

O líder venezuelano apresentará a proposta durante a próxima reunião de trabalho com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, provavelmente em setembro, e fazer assim “um mapa para os próximos quatro anos” que abranja todos os temas em diálogo.

Os oito documentos assinados nesta quinta-feira entre empresários brasileiros e o Governo venezuelano contemplam a criação de oito fábricas que se dedicarão à produção de cartões impressos, PVC (resina sintética) e maquinaria.

Também serão foco a produção de vasilhas de vidros, tampas e recipientes de lata para a indústria de alimentos, como disse nesta quarta-feira o ministro da Tecnologia venezuelano, Jesse Chacón.

A troca comercial entre Venezuela e Brasil alcançou US$ 5,688 bilhões no fechamento de 2008, com crescimento de 12,21% em relação ao ano anterior.


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Chávez poderá comprar 10 mil carros a gás por ano do Brasil

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