O primeiro amor do escritor J.D. Salinger, que morreu quinta-feira, em New Hampshire (EUA), foi Oona O’Neill, filha do famoso dramaturgo americano Eugene O’Neill e que foi tirada dos braços do autor de O Apanhador no Campo de Centeio por Charlie Chaplin.
Segundo o livro A Life Raised High, escrito por Kenneth Slawenski, biógrafo de Salinger, o rompimento de Oona com Salinger e o casamento dela com o comediante britânico foram “a grande tragédia romântica da vida” do escritor.
“Não havia como escapar daquilo: as capas dos jornais estampavam fotos de Chaplin enquanto tiravam as impressões digitais dele em um caso de investigação de paternidade”, escreveu Slawenski em seu livro, que teve trechos publicados neste sábado (30) pelo jornal The Times.
“Os jornais também publicaram artigos em que o ator era acusado de montar uma armadilha para a jovem e inocente filha do dramaturgo favorito da América, em um diabólico caso de tráfico de brancas para prostituição”, acrescenta.
“O episódio também foi publicamente humilhante para Salinger. Todo mundo sabia quais eram seus sentimentos por Oona O’Neill. Os companheiros do Exército aos quais ele, orgulhoso, tinha mostrado fotos de Oona agora se compadeciam”, diz a biografia.
Apesar de tudo, “o orgulho e a tenacidade de Salinger o impediram de se lamentar em público”. “Pelo contrário, ou fez caso omisso do ocorrido ou fingiu uma indiferença impassível”.
“Fora reclamar de incessantes mas leves problemas de saúde, Salinger evitou mostrar qualquer sinal de ressentimento. Só em julho daquele ano (1941) é que ele finalmente admitiu que odiava Chaplin”, conta Slawenski.