A polêmica sobre a aprovação de uma medida que permitira a cobrança diferenciada para um produto comprado em dinheiro ou com o cartão de crédito segue no Congresso. Nesta sexta-feira (14), a Câmara dos Deputados divulgou um levantamento que mostra que os lojistas podem encarecer os produtos em até 1,4% por conta dos custos do pagamento eletrônico.
Esse impacto no preço final aconteceria pois é impossível diferenciar quem utiliza ou não o cartão como forma de pagamento, fazendo com que todos paguem pelos custos operacionais da parcela de clientes que utiliza essa forma de pagamento em suas compras no varejo.
De acordo com consultores ouvidos pelos deputados “os custos são pagos pelos consumidores e seria “inadequado o entendimento segundo o qual é o empresário quem arca com as despesas com uso dos cartões de crédito”.
O levantamento mostrou que ao aceitar receber o cartão de crédito como forma de pagamento, o lojista receberá o valor da compra, em média, 30 dias após a operação. Desse valor ainda é subtraído uma parte, que é conhecida como taxa de desconto. Esse percentual fica em torno de 3,5%, mas pode chegar a 5%, variando de acordo com o porte e segmento da empresa.
Para dar um exemplo na prática, um produto que é vendido a R$ 10,00 pelo comerciante chega a seu caixa somente R$ 9,65 (levando em consideração a taxa de desconto de 3,5%) somente 30 dias depois da venda. Se essa operação é realizada com dinheiro, o lojista tem 100% do capital em mãos na hora. Para evitar o prejuízo, estima-se que as lojas aumentem seus preços em 1,4% para todos os clientes, o que compensaria eventuais perdas.
Apesar dessa diferença, o consumidor não sairá necessariamente ganhando caso o pagamento à vista e como cartão possa ter preços diferentes. O estudo mostra que, caso essa despesa recaia sobre os consumidores, haverá uma redução no consumo em função do aumento do preço final da mercadoria.
Dessa forma, somente aqueles que possuem condições de adquirir produtos sem cartão seriam beneficiados dessa redução. Outro problema é o aspecto comportamental, que também pode acabar afetando a disposição ao consumo, visto que há um fator psicológico maior nos pagamentos à vista.