Há 40 anos, os Beatles tiraram algumas fotos cruzando uma faixa de pedestres na londrina rua de Abbey Road, sem saber que essa imagem tão simples se transformaria com o tempo em uma das capas mais famosas de sua discografia.

No dia 8 de agosto de 1969, os quatro rapazes de Liverpool foram imortalizados sobre aquela faixa de pedestres, situada no bairro de St John’s Wood (norte de Londres), na célebre e tão imitada foto que se transformou em um ícone da história do pop.

Centenas de fãs do quarteto devem repetir o ato e cruzar aquela faixa às 10h35, exatamente quatro décadas depois de o fotógrafo Iain Macmillan captar a famosa fotografia do disco Abbey Road.

Além disso, uma banda de tributo aos Beatles, a Sgt Pepper’s Only Dart Board Band, participará do ato vestida com uma roupa similar àquela que o grupo usava há quatro décadas.

Quarenta anos atrás, John Lennon, Ringo Starr, Paul McCartney e George Harrison entraram nos estúdios da EMI em Abbey Road para trabalhar naquele que seria seu último álbum em conjunto (Let it Be foi lançado um ano mais tarde, mas foi gravado antes da separação).

O disco levaria o título Everest, em homenagem à marca de cigarros favorita de Geoffrey Emerick, engenheiro de som dos Beatles, mas a idéia de ter o Himalaia na capa não animou muito Lennon e companhia.

Segundo Brian Southall, autor de um livro que conta a história dos estúdios da EMI, “há um desenho que Paul McCartney fez de quatro homenzinhos estranhos atravessando uma faixa de pedestres”, que “deu uma boa idéia” à banda.

Sem estarem totalmente convencidos, os quatro músicos saíram naquele dia 8 de agosto na companhia de Iain Macmillan – que conheceu os Beatles através de Yoko Ono – e fizeram a famosa pose na faixa de pedestres em frente aos estúdios da EMI.

“Eles deram a Macmillan uns 15 minutos, que subiu numa escada enquanto um policial segurava o trânsito. A banda caminhou pra frente e para trás várias vezes e nada mais do que isso”, relatou à BBC Southall, amigo do fotógrafo, falecido em 2006.

A foto mostra John, Ringo, Paul e George cruzando em fila indiana a faixa de pedestres, em uma rua iluminada onde se destaca um Fusca branco estacionado à esquerda.

Na imagem, fruto de uma sessão em que Macmillan só tirou seis fotos, chama a atenção o fato de McCartney (de terno escuro) aparecer descalço e sem marcar o mesmo passo que seus companheiros.

Segundo uma teoria muito divulgada na época, a cena representaria uma procissão fúnebre na qual McCartney seria o morto; Lennon (de terno branco), o sacerdote; Starr (terno negro), o agente funerário; e Harrison (de camisa e calças jeans), o coveiro.

A decisão final de usar a curiosa foto como capa do disco ficou a cargo de John Kosh, diretor criativo dos estúdios da EMI, que achou desnecessário incluir o nome do grupo na capa, porque “era a banda mais famosa do mundo”.

Como lembrança vale a pena destacar que o fusca branco, de propriedade de um vizinho de Abbey Road, teve a placa (de número “28IF”) roubada várias vezes após o lançamento do disco.

O carro foi arrematado em um leilão realizado em 1986 por $23 mil dólares, e atualmente está exposto no museu da Volkswagen em Wolfsburg (Alemanha).

Abbey Road, que contém clássicos como Come Together e Here Comes The Sun, foi lançado em 26 de setembro de 1969 e, de acordo com a revista musical “Rolling Stone”, é um dos 14 melhores discos de todos os tempos.

Várias bandas imitaram a mítica capa, como os Red Hot Chili Peppers em seu disco The Abbey Road E.P. (1988), só que sem estar vestindo qualquer roupa.

Com os anos, a faixa de pedestres se tornou uma grande atração turística onde os visitantes tentam seguir os passos do conjunto de Liverpool e, porque não, tirar a tão famosa foto.


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Capa do álbum Abbey Road comemora 40 anos