O diretor italiano Marco Bellocchio participou hoje pela sexta vez da mostra competitiva do Festival de Cinema de Cannes ao apresentar Vincere, um drama histórico que revela os segredos íntimos de ninguém menos que o ditador fascista Benito Mussolini.
Vincere, que usa o tom propagandista e monumental que marcou a política de comunicação de Mussolini, recebeu em Cannes aplausos educados para um diretor que, desta vez, não esteve à altura do nível geral de sua filmografia.
Bellocchio se caracterizou por um cinema com mais força e sensibilidade, mas em Vincere, apesar da grandeza do título, deixa escapar a alma do filme.
Para retratar o ditador italiano, Bellocchio adota o olhar de sua suposta primeira esposa, Ida Dalser, interpretada pela italiana Giovanna Mezzogiorno.
“É a história desta mulher que me emocionou e me motivou a fazer este filme. O discurso sobre a política e o presente veio depois”, explicou Bellochio em Cannes.
Dalser lutou ao longo de sua vida para provar que foi casada com Mussolini antes de este chegar ao poder e que, além disso, seu filho era o primogênito do ditador.
A crônica histórica da fita, que possui uma ambientação e uma caracterização de personagens muito deficiente, se deixa ofuscar pelo drama pessoal de Dalser.
Vincere acaba por dar atenção a um Mussolini juvenil, atraente e sedutor, antes da degeneração de seu carisma. Filippo Timi é o encarregado de desnudar o personagem – literalmente – e oferecer esse lado inicial mais humano e mais sexual do ditador, para depois revelar sua personalidade megalômana.
“Mussolini usou as mulheres. Acho que nunca chegou a se apaixonar”, resumiu o ator.