Muita coisa mudou na moda com a chegada nos anos 2000.

Se olharmos para trás, percebemos estilos e tendências extremamente bem definidos para o vestuário dos anos 20, 30, 40 e por aí vai até chegar na década de 90. Olhando mais para trás ainda, lembramos que a rainha Maria Antonieta foi uma grande lançadora de tendências. Sim, esse jogo existe há muuuitos séculos… Ela ousava vestir algo que ninguém nunca havia visto antes; as mulheres da nobreza ficavam enlouquecidas e mandavam seus costureiros fazerem igual; as mulheres das camadas menos nobres adaptavam a ideia para o seu bolso e modo de vida. E essa era a deixa para a rainha logo aparecer com outra moda.

Isso só para contar, muito brevemente, que estamos há bastante tempo presos a uma certa ditadura da moda. “O chique agora é usar calça de cintura alta, com perfume 70’s”. “Não passe o verão sem um vestido cinturado, estilo anos 50”. “O punk é o visual do momento” e daí em frente.

Não sei se é porque as profecias diziam que não sobreviveríamos a passagem para o ano 2000, mas é fato que esse novo milênio trouxe uma urgência de liberdade e de individualidade.

O mundo tem enfrentado questões muito complicadas que também vão moldando o nosso comportamento, e em consequência a nossa forma de se vestir.

Quando aconteceu o ataque ao World Trade Center, em 2001, durante a semana de moda de Nova York, os estilistas que iriam desfilar dias mais tarde em Milão e Paris, mudaram suas coleções subitamente. Foi uma temporada mágica, em que o otimismo imperou na moda. O preto, o austero e a ostentação deram lugar a roupas claras, discretas e confortáveis. E isso porque ainda muitos designers optaram por não desfilar, achando deselegante fazer um desfile de moda em meio a tanto medo e desespero.

Acontecimentos como esse fazem a moda parecer fútil e destacam seu lado mais efêmero. Hoje, as marcas têm que oferecer de tudo, pois há gosto e ocasião para tudo: de mangas bufantes à shorts rasgados à vestidões à calças justíssimas à paletós com ombreiras!

Finalmente surge uma nova “regra”: não seguir tendência é a tendência. Chegou a hora de apostar no seu estilo, no seu jeito sem se preocupar muito com o que as revistas estão falando. Aliás, a mídia e a indústria da moda querem pescar no estilo de “pessoas comuns” ideias para suas próximas pautas e coleções.

Muitas décadas foram revisitadas (de novo) nesta primeira década 00. Porém, cada vez mais, o que fica claro é que de nada adianta simplesmente copiar o que a moda diz que é legal se não houver uma personalidade por trás. Sem identidade, sem estilo próprio, a roupa fica oca.

Resumindo, é uma ótima época para fazer compras! Nunca tivemos uma gama de possibilidades tão vasta… E com a concorrência gritando, os preços também devem ser competitivos. Com a moda a gente aprende alguns truques, a gente se inspira e tem ideias. Mas o nosso estilo é a nossa melhor fonte de referências. Este, tendência nenhuma deve ter o poder de mudar, apenas enriquecer.

Camila Yahn é jornalista e idealizadora do Pense Moda


int(1)

Camila Yahn: Não seguir tendências foi a tendência nos Anos 00

Sair da versão mobile