Os indicadores educacionais do Brasil precisam ser ampliados e ir além da análise de desempenho dos estudantes, defendeu a coordenadora de programas da Ação Educativa, Vera Masagão, durante debate nesta segunda-feira (14) sobre os dois anos do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE).
Uma das principais ações do PDE, lançado em 2007, foi a criação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), uma espécie de termômetro da qualidade da educação. Ele leva em consideração o desempenho dos alunos nas avaliações que medem as competências em matemática e linguagens, além das taxas de aprovação e reprovação.
Para Vera, o Ideb é um indicador importante e produziu um bom impacto nas ações políticas dos gestores. Mas é necessário avaliar outras duas dimensões que compõem o universo escolar: a distribuição dos recursos e insumos escolares que influenciam na qualidade do ensino.
A especialista ressalta que nem sempre os recursos do orçamento da educação são alocados na área. Em São Paulo a gente tem um programa de distribuição de leite para os alunos que custa R$ 200 milhões. Enquanto isso, o programa de formação de professores alfabetizadores custa R$ 17 milhões, compara.
O ideal seria criar um indicador que pudesse medir exatamente o que é gasto em educação para avaliar o que está dando certo em termos de investimento. Outra dimensão que precisa ser avaliada, segundo Vera, são fatores como o corpo docente e a infraestrutura da escola.
Precisamos saber qual é o regime de trabalho do professor, se a escola tem biblioteca, se tem computador, se tem papel higiênico nos banheiros, independente se isso vai interferir na nota de matemática ou não. A gente pode considerar todas essas coisas como valores, disse.
Ainda sobre o Ideb, Vera disse que o índice não foi assimilado por professores e recomenda que os docentes recebam mais informações sobre o formato de avaliação do exame. “A prova não tem uma boa matriz pedagógica para orientar os professores. Eles não conseguem compreender bem o que está sendo medido”, afirmou.