Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que o desempenho brasileiro na última Olimpíada, realizada em Pequim (China) no ano passado, é pior se considerada a riqueza econômica do país, o tamanho da população e a esperança de vida ao nascer.
“O Brasil, contudo, em discordância com o elevado PIB (Produto Interno Bruto de US$ 1,9 trilhão, considerada a paridade do poder de compra) e com sua numerosa população (hoje, mais de 191 milhões de pessoas), não apresentou resultado de acordo com as expectativas, pois não foi eficiente sob nenhum critério e nem bem colocado no ranking oficial”, resume a pesquisa Avaliação da Eficiência Técnica dos Países nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008. Na competição, o país ficou em 20º lugar no quadro geral de medalhas.
De acordo com Alexandre Marinho, Simone de Souza Cardoso e Vivian Vicente de Almeida, autores do estudo, o Brasil cai no ranking oficial e passa para o 47º lugar entre os 55 países que ganharam medalha de ouro naqueles jogos; ou 51º, se considerado o total de medalhas entre os 87 países que chegaram a ocupar lugares nos pódios nas diversas disputas realizadas em Pequim.
A vantagem da “abordagem da eficiência” feita no estudo é que permite uma avaliação mais aproximada das condições de desempenho. “Assim como países muito ricos e/ou populosos (como os Estados Unidos e a China) demonstram grande capacidade em gerar equipes e atletas vitoriosos, países com pequeno PIB e população reduzida, mas que atingem resultados relevantes de medalhas, também seriam considerados eficientes (como Jamaica, Mongólia e Zimbábue)”, compara a análise.
Conforme o economista Alexandre Marinho, “o Brasil não só ganha poucas medalhas, como é ineficiente na produção de medalhas. Em termos relativos, o país vai muito pior do que no ranking oficial”. Ele calcula que se o Brasil tivesse desempenho proporcional à sua riqueza, expectativa de vida e tamanho da população, deveria ter conquistado 21 medalhas de ouro, 18 de prata e 26 de bronze para ser considerado “eficiente”.
Se considerados PIB, população e longevidade, o Brasil deveria ter disputado com a Rússia, que terminou a competição em 3º lugar, com 57 medalhas a mais que o Brasil, 20 só de ouro. “Por esse quadro, o Brasil deveria ser uma potência olímpica, por que é que nós não somos?”, pergunta Alexandre Marinho, que entre os países mais populosos só vê a Índia com desempenho mais “sofrível” do que o brasileiro.
O economista esclarece que o objetivo do estudo não é explicar as razões do rendimento medíocre do Brasil nas olimpíadas, mas “fotografar esse mau desempenho”. A análise, no entanto, afasta a hipótese de que o bom desempenho tenha a ver com a situação socieconômica. “O Brasil tem problema na estrutura esportiva mesmo”, disse.
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