O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, ofereceu um pacto ao Vaticano para restabelecer uma “correta” relação entre a Igreja e o Executivo, após o distanciamento desde o ano passado por causa do chamado caso Boffo, informou hoje o jornal italiano “La Repubblica”.
Segundo o periódico, a chefia do Governo discutiu com o secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone, e com o cardeal Camillo Ruini a polêmica surgida no final de agosto pelos ataques de um jornal próximo a Berlusconi contra o diretor do periódico dos bispos “Avvenire”, Dino Boffo. Também conversaram sobre os rumores surgidos nesta semana, que apontam que altos funcionários vaticanos estavam por trás dessas acusações.
No final de agosto, o diário “Il Giornale”, dirigido por Vittorio Feltri e pertencente à família Berlusconi, assegurou em um editorial que Boffo estava envolvido em um caso de assédio à mulher de um homem com o qual supostamente mantinha uma relação. O artigo levou à demissão do diretor de “Avvenire”.
Em 3 de fevereiro, surgiu um novo episódio desse caso depois que “La Repubblica” publicou que o secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone, e o diretor do “L’Osservatore Romano”, Gianmaria Vian, estavam por trás das acusações, aparentemente falsas, que levaram à demissão de Boffo.
O jornal afirmou então que Boffo foi vítima de um “duplo esquema” por parte do Vaticano e de Berlusconi. Além disso, assinalou que Boffo foi utilizado como bode expiatório por parte do cardeal Bertone para “ajustar contas” com um episcopado italiano “autônomo demais”.
Passados quatro dias da publicação dessas informações, “La Repubblica” disse hoje que o acordo proposto por Berlusconi seria de que “a Itália guardaria silêncio sobre as supostas tramas (sobre o caso Boffo) em troca de que se ponha fim aos juízos morais” sobre sua vida privada por parte da Igreja.
Além disso, “La Repubblica” assegurou hoje que o porta-voz vaticano, Federico Lombardi, confirmou “indiretamente” nas últimas horas a existência de uma discussão sobre o caso Boffo-Feltri, ao assegurar que o papa Bento XVI “sabe o que está acontecendo e está bem informado dos fatos”.