Berlim entra nesta sexta-feira na reta final das comemorações do 20º aniversário da queda do muro, que culminarão na segunda com um ato solene diante do emblemático Portão de Brandeburgo com a presença de estadistas de todo o mundo.

Por enquanto, os berlinenses sofrem há dias com os incômodos de um novo muro de Berlim, provisório e em muitos casos invisível, devido às fortes medidas de segurança, que provocaram fechamentos de ruas exatamente em muitos lugares pelos quais ele passava há duas décadas.

Este é o caso do próprio Portão de Brandeburgo, que, como nos tempos da divisão da cidade, volta a ser intransponível e vigiado por um forte esquema policial que obriga os turistas a tirar fotos a distância.

A mesma coisa acontece na antiga passagem fronteiriça da Bornholmer Strasse, onde começarão na segunda os atos oficiais, quando a chanceler alemã, Angela Merkel, acompanhada, entre outros, pelos Prêmios Nobel da Paz Mikhail Gorbachov e Lech Walesa, farão um passeio pelo antigo traçado do muro.

Já transformado em museu, o posto fronteiriço da Bornholmer Strasse foi o primeiro a abrir suas barreiras na noite de 9 de novembro de 1989 para dar passagem a milhares de cidadãos da Alemanha Oriental ansiosos para conhecer o lado ocidental da cidade, que lhes foi vetado durante quase três décadas.

A própria chanceler alemã, que trabalhava então como física em Berlim Oriental, cruzou o muro naquela noite por esse ponto e confessou que comemorou sua queda com cerveja na casa de desconhecidos no setor ocidental da cidade.

Os atos protocolares pela queda do Muro de Berlim começarão na tarde de segunda com uma recepção no Palácio de Bellevue pelo presidente da Alemanha, Horst Köhler, que receberá seus convidados já à noite no final de um espetacular corredor formado por soldados com tochas.

Representantes das quatro potências aliadas que dividiram Berlim ao término da Segunda Guerra Mundial serão os convidados especiais: os presidentes de Rússia e França, Dmitri Medvedev e Nicolas Sarkozy; o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown; e a secretária de Estado americana, Hillary Clinton.
As autoridades alemãs contam também com a presença dos chefes de Estado e Governo dos 27 países-membros da União Europeia (UE).

Todos eles, acompanhados também por destacados ativistas da revolução pacífica na Alemanha Oriental, seguirão para o Portão de Brandeburgo para assistir a um breve concerto da Staatskapelle de Berlim e o coro da Staatsoper Unter den Linden sob a direção do maestro argentino-israelense Daniel Barenboim.

Também se apresentarão o grupo de música clássica Adoro, a banda Bon Jovi, o grupo de percussão Stamping Feet, o compositor Christian Steinhäuser e o DJ Paul van Dyk, que tocará “We are one”, música inédita feita exclusivamente para a ocasião.

Depois, todos os estadistas e convidados cruzarão juntos, de forma simbólica, o Portão de Brandeburgo. Em seguida, haverá discursos de Merkel, do prefeito-governador de Berlim, Klaus Wowereit, e dos representantes das quatro potências aliadas que repartiram Berlim após a guerra.

O ato solene terminará com a derrubada de uma fila de peças gigantes de dominó de 1,5 quilômetro de extensão ao longo do traçado do antigo muro de Berlim.

Os convidados às celebrações pelo aniversário da queda do muro serão recebidos depois em um jantar na Chancelaria Federal por Merkel e seu marido, o cientista Joachim Sauer.

Quem não participará das festividades de segunda-feira é o ex-chanceler alemão Helmut Kohl, por motivos de saúde, anunciou hoje o gabinete do veterano dirigente democrata-cristão.
Kohl governava a Alemanha Ocidental quando o Muro de Berlim caiu e foi quem negociou com as quatro potências aliadas a reunificação do país, que aconteceu em 3 de outubro de 1990, menos de um ano depois do histórico acontecimento.

Segundo o gabinete de Kohl, a ausência do ex-chanceler foi anunciada com antecedência suficiente a Wowereit.
No último final de semana, Kohl participou de um ato da Fundação Konrad Adenauer por causa do aniversário do fim da divisão alemã junto ao ex-presidente dos EUA George Bush e ao ex-líder soviético Mikhail Gorbachov.

Durante o evento, foi possível notar o delicado estado de saúde de Kohl, que se locomove por meio de uma cadeira de rodas após sofrer no ano passado uma queda em seu domicílio de cujas lesões até hoje não se recuperou totalmente.

Até segunda-feira, Berlim viverá uma relativa calma. No sábado, a gigantesca fila de dominó será montada e haverá festas populares em bairros da capital alemã.

No domingo, a chanceler alemã inaugurará junto à ponte de Glienicke, que liga Berlim à cidade de Potsdam, o novo Museu de História Interalemã, dedicado a reunir testemunhos da divisão do país durante a Guerra Fria.


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Berlim entra na reta final das comemorações pela queda do muro

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