Durante o auge da crise financeira, o governo ordenou que os bancos estatais reduzissem as taxas de juros para diminuir o impacto da crise na economia, já que o maior problema era a falta de crédito. Essa medida foi criticada pelas instituições privadas que argumentaram que a medida era arriscada.

De acordo com dados do Banco Central, os clientes dos bancos privados foram responsáveis pelo aumento de 75% da inadimplência no sistema financeiro desde setembro do ano passado, quando teve início a fase mais aguda da crise. De acordo com o BC, o total de empréstimos com pagamentos atrasados por mais de 180 dias subiu R$ 24 bilhões, sendo que, desse valor, R$ 18 bilhões estão na carteira de instituições privadas e R$ 6 bilhões na das públicas.

Durante esses mesmos dez meses, os bancos particulares tinham uma carteira de crédito que representava 63% do total disponível no país. Isso quer dizer que o aumento da inadimplência do segmento foi maior do que seu peso no mercado de crédito.

No entanto, os técnicos do BC explicam que esse menor nível de calote nos bancos públicos se deve ao fato de eles atuarem mais com os chamados créditos direcionados, operações em que as taxas de juros são controladas pelo governo e tem menos atraso para o pagamento. É o que acontece, por exemplo, com os empréstimos habitacionais, operados principalmente pela Caixa Econômica Federal, e pelos financiamentos a empresas concedidos pelo Bando Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Com isso, a conclusão dos responsáveis é de que o aumento da inadimplência reflete os atrasos nos demais empréstimos, como o crédito pessoal, o cheque especial e o desconto de duplicatas, entre vários outros, que compõem uma parcela maior dos bancos privados.
No mês passado, segundo o BC, os atrasos superiores a 90 dias nos pagamentos desses financiamentos comerciais atingiam 5,9% da carteira total dos bancos, que é o maior nível registrado desde julho de 2000. Em setembro do ano passado, essa proporção estava em 4%.


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Bancos privados respondem por 75% da inadimplência na crise