A valorização do real preocupa o governo e também o setor exportador brasileiro. Essa preocupação se mostra bastante precisa após a divulgação de um levantamento do banco de investimentos americano Goldman Sachs mostrando a divisa brasileira como a que mais se valorizou na comparação com o dólar.
Entre as moedas mais importantes do mundo, o real foi que mais se valorizou, chegando a quase 30% em quase 11 meses. Quando o levantamento leva em conta todos os países, a nossa moeda perde apenas para a rupia de Seychelles. No entanto, o Produto Interno Bruto (PIB) do país africano representa apenas 0,05% do PIB brasileiro.
O banco avalia que o ritmo de valorização do real mudou com a cobrança de 2% por parte do governo sobre as aplicações externas no país. No entanto, o Goldman Sachs avalia que eficácia da medida não é clara e que a moeda pode seguir se valorizando, o que obrigaria a novas medidas de controle.
“Em um primeiro momento houve um sucesso neste controle. Agora, a apreciação do real parece estar em alta novamente. Com isso, aumenta a pressão para a adoção de políticas mais coerentes ou existe o risco implementação de medidas adicionais para frear a entrada de capital”, disse em nota o economista do banco, Thomas Stolper.
Na percepção do Goldman Sachs, com um grande volume de dinheiro no país, além do aumento do gasto público e do acesso a crédito, haverá uma grande pressão inflacionária para os próximos meses.
O banco vê a rápida recuperação da economia do país e o aumento constante da demanda por commodities por parte de mercados emergentes como a China, como motivos para a valorização do real.
O ingresso de capital externo em grande quantidade, principalmente nos mercados emergentes, é uma preocupação do Fundo Monetário Internacional (FMI). A tese é que esse movimento pode trazer efeitos como a disparada do câmbio, bolhas nos preços de ações e instabilidade financeira.