Brasília, 6 jun (EFE).- Dois corpos e uma poltrona da cor azul que identifica a Air France foram resgatados neste sábado pela Marinha brasileira no Atlântico, e são a primeira evidência palpável do acidente com o avião que desapareceu, informaram fontes oficiais.

“Durante a manhã de hoje, às 8h14, houve confirmação do resgate no mar de algumas peças e corpos que pertenciam ao Airbus” que tinha partido do Rio de Janeiro a Paris com 228 pessoas a bordo, disse, em entrevista coletiva, o coronel Jorge Amaral, vice-chefe do Serviço de Comunicação Social da Aeronáutica.

O porta-voz militar disse que são dois corpos do sexo masculino, não identificados, e de objetos que poderiam pertencer ao avião, como uma poltrona da mesma cor (azul) utilizada pela empresa francesa, com o número de série 237011038331-0.

Também foram recolhidas em alto-mar uma bolsa de couro com uma passagem da Air France dentro, uma mochila que continha um notebook e uma bolsa com um certificado de vacinação, que podem pertencer a passageiros.

Amaral disse que o número de série da poltrona foi transmitido à Air France, a fim de que a empresa comprove se pertencia ao Airbus A330-200 que desapareceu no oceano, mas todos os indícios levam a acreditar nisso.

Segundo o coronel, há informações de que também “estão sendo recolhidas máscaras de passageiros e outros materiais”, mas ele não deu mais precisões.

Amaral detalhou que os corpos foram encontrados nos limites da zona onde se concentraram as buscas, que começaram na segunda-feira passada, após se confirmar que o avião tinha desaparecido dos radares na meia-noite de domingo.

O local do impacto é calculado em uma posição próxima às ilhas de São Pedro e São Paulo, regiões desabitadas situadas a cerca de 704 quilômetros de Fernando de Noronha e a 1.296 quilômetros de Recife.
Em torno desse ponto, foi traçado um raio 220 quilômetros, uma área na qual hoje estão trabalhando nove aviões, além de um Falcon 50 e um Atlantic Rescue D franceses, e um avião de patrulha marítima P-3C Orion dos Estados Unidos.

Além disso, operam também neste sábado na zona navios militares do Brasil e da França, assim como navios mercantes de diversas bandeiras.
Os dois corpos e os objetos foram resgatados pela tripulação da corveta brasileira “Caboclo” e serão transferidos depois à fragata “Constituição”, que se deslocará a um ponto a cerca de 600 quilômetros de Fernando de Noronha, onde serão recolhidos por um helicóptero.

“A previsão é que esses corpos cheguem a Fernando de Noronha durante a manhã deste domingo”, disse o almirante Edison Lawrence, coordenador do 3º Distrito Naval.

Os trabalhos de identificação dos corpos serão realizados depois em Recife, onde o Ministério da Defesa instalou sua principal base de operações, que conta inclusive com câmaras frigoríficas para depositar os cadáveres.

Durante os últimos dois dias, médicos das Forças Armadas recolheram amostras de DNA dos familiares das vítimas que se encontram no Rio de Janeiro, a fim de acelerar a identificação dos corpos que forem recuperados.

Os parentes dos passageiros do avião foram informados antes de a notícia da descoberta ter sido comunicada à imprensa, como decidiram as autoridades brasileiras e francesas.

Segundo Amaral, “é uma notícia triste, mas que dá um certo alívio, porque põe fim à angústia das famílias”.


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Autoridades brasileiras resgatam primeiros corpos e objetos do avião