Os milhares de peregrinos que na
sexta-feira (10) foram reconstituir em Jerusalém o caminho de Jesus rumo
à crucificação na Via-Sacra deviam ter começado seu percurso em um
estacionamento perto do Muro das Lamentações, segundo um arqueólogo
israelense.
A Via-Sacra, formada por 14 estações, começa em uma escola
muçulmana onde fica a destruída Fortaleza Antônia, na Via Dolorosa,
e termina no Santo Sepulcro, na antiga cidadela amuralhada de
Jerusalém.
Em seu livro The Final Days of Jesus (Os últimos dias de
Jesus), citado hoje pelo jornal Ha’aretz, o pesquisador israelense
Shimon Gibson diz ter identificado o verdadeiro lugar onde Jesus foi
julgado e condenado à morte, que deveria ser a primeira escala da
Via-Sacra.
Esse pavimento de pedras onde os procuradores romanos realizavam
os julgamentos se encontraria no que agora é um estacionamento ao ar
livre no final do bairro armênio da cidade antiga, perto do Muro das
Lamentações, acredita Gibson, do Instituto Albright de Jerusalém.
Deste local, segundo o estudioso, a verdadeira Via Dolorosa
prosseguiria para o Gólgota, onde fica atualmente o Santo Sepulcro,
lugar da morte e posterior ressurreição de Jesus Cristo, lembrada
hoje.
O arqueólogo defende que o erro sobre a verdadeira localização da
Via Dolorosa provém da presença dos cruzados na cidade (1099-1173),
que representou o massacre de vários muçulmanos, judeus e cristãos
ortodoxos, o que apagou tradições centenárias.
Então, foi construída uma capela no lugar atualmente identificado
com a Fortaleza Antônia, mas Gibson afirma que as escavações no
lugar mostram que o edifício que havia na época romana era pequeno
demais para ter abrigado o palácio dos procuradores romanos que
julgaram Jesus.
Meir Ben-Dov, arqueólogo que participou das escavações do túnel
do Muro das Lamentações, qualificou a teoria de Gibson de “completo
sem sentido”.
Ben-Dov lembra que o historiador Josefo Flavio “cita mil
testemunhas que diziam que a Fortaleza Antônia estava situada em uma
esquina do Monte do Templo, e não em outro lugar”, por isso a rota
atual seria a correta.