O documento da Conferência Mundial sobre o Racismo da ONU foi aprovado nesta terça (21) por consenso e será adotado oficialmente na assembleia plenária nas próximas horas. O texto foi aprovado da forma como ficou estabelecido na semana passada, após duras negociações, dado que nenhum país apresentou objeções ao texto.

A rápida aprovação do documento – um dia após o início da Conferência, que só deve terminar na sexta-feira – é atribuída ao temor de muitos países de que os boicotes e a politização provocassem novas deserções de países e o consequente fracasso do fórum.

IRÃ

Apesar do consenso sobre o documento, o que mais marcou a reunião entre líderes foram as declarações de Mahmoud Ahmadinejad, o presidente do Irã. Ele, o único chefe de Estado presente na reunião, que sofreu boicote dos Estados Unidos e de Israel, condenou a “política repressiva” e a “brutalidade” de Israel contra os palestinos, durante seu discurso.

Pouco após começar suas críticas, os representantes da União Europeia (UE) saíram da sala em protesto contra as palavras de Ahmadinejad, que também denunciou as intervenções militares no Iraque e no Afeganistão, e se perguntou se trouxeram a paz ou a prosperidade a seus povos.

O líder iraniano ainda criticou a ordem política mundial, ao afirmar que o Conselho de Segurança da ONU sempre “recebeu com o silêncio os crimes desse regime (israelense), como os recentes bombardeios contra civis em Gaza”.

A presença de Ahmadinejad em Genebra causou indignação de Israel, que chamou seu embaixador em Berna, em protesto contra o encontro que o presidente suíço, Hans-Rudolf Merz, manteve com o presidente iraniano.

Os nove países que boicotaram a conferência, por causa da participação de Ahmadinejad, são Israel, Estados Unidos, Austrália, Canadá, Itália, Holanda, Polônia, Nova Zelândia, e Alemanha.

CHOCADOS

A Santa Sé disse lamentar a utilização da Conferência Mundial sobre o Racismo da ONU realizada em Genebra “para assumir posições políticas, extremistas e ofensivas contra qualquer Estado” e afirmou que isso não contribui ao diálogo e provoca conflitos inaceitáveis.

O jesuíta Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, disse ter defendido ontem (20) a conferência, ao mesmo tempo em que criticou o discurso do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, por suas expressões “inaceitáveis e extremistas” ao acusar Israel de “racista”.

O presidente francês Nicolas Sarkozy também se manifestou: “condeno totalmente este discurso de ódio” de Ahmadinejad. O governante também lamentou que, em uma conferência sobre o racismo, o líder iraniano tenha se colocado no extremo oposto do objetivo da reunião, que devia servir para “unir e mobilizar a comunidade internacional” contra todas as formas de racismo.

DECEPÇÃO

O presidente Barack Obama, o primeiro presidente afrodescendente dos Estados Unidos, boicotou a conferência das Nações Unidas sobre Racismo em Genebra e causou, para alguns, a primeira decepção internacional de seu mandato.

Entidades do movimento negro em Chicago, no Congresso americano e na África criticaram no final de semana duramente a decisão de Obama, que optou por não enviar uma delegação à Genebra diante da linguagem anti-Israel no acordo que servirá de base para a conferência.


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Após muita confusão, texto da Conferência sobre o Racismo é aprovado