Meio século depois da revolta contra a China no Tibete, o líder dos tibetanos Dalai Lama defendeu nesta terça-feira (10) continuar a luta por meios não-violentos e acusou o regime de Pequim de causar a morte de “centenas de milhares de tibetanos” com as campanhas repressivas aplicadas na região.

Em discurso durante o Dia da Revolta Nacional Tibetana, em Dharamsala, o Dalai Lama lamentou que seu povo tenha “experimentado o inferno na terra” nos 50 anos de ocupação chinesa. Também comentou a “série de campanhas repressivas e violentas” que a China aplicou no Tibete e cujo resultado, disse, “foi a morte de centenas de milhares de tibetanos”.

Durante o pronunciamento, Dalai Lama lamentou a ausência de resultados das sucessivas negociações com as autoridades chinesas, as últimas desde 2002, para insistir em sua reivindicação de uma “autonomia legítima e significativa” para o Tibete “dentro da República Popular China”.

Para o dalai lama, não resta dúvida de que sua causa segue viva, como ficou provado com os “protestos generalizados e pacíficos que explodiram por todo o Tibete” em março do ano passado, e que deixaram cerca de 20 mortos, segundo o regime chinês, e até 200 vítimas fatais, segundo as autoridades tibetanas no exílio. Apesar da violência de alguns dos protestos, o Dalai Lama expressou seu “orgulho” pela “convicção firme de servir à causa do Tibete”.

Nova onda de conflitos

Os distúrbios de 2008 – durante as Olimpíadas – geraram uma nova onda de simpatia internacional em relação aos tibetanos, mas também levaram a uma reflexão interna no movimento no exílio, que realizou um Conclave em novembro, em Dharamsala, para determinar o caminho a ser seguido.

Entretanto, a onda de manifestações que ocorreu no ano passado reflete um conflito que ocorre há mais de 50 anos. Em 1950 o regime comunista da China ordena a invasão da região, que é anexada como uma província. Em 1959, a oposição tibetana é derrotada e, desde então, o país luta por sua independência.

No dia do 50º aniversário da revolta tibetana, meio século depois de deixar o Tibete e se refugiar na Índia, o presidente da China Hu Jintao reivindicou a criação de “uma Grande Muralha” pela estabilidade e contra o separatismo no Tibete.

Hu instou a deputados tibetanos da Assembleia Nacional Popular (Legislativo) que coloquem em prática as políticas de Pequim para avançar na construção de “um novo Tibete socialista unificado, democrático, próspero e harmônico”.

A sucessão de dalai lama

Aos 73 anos, a saúde do Dalai Lama piorou e, nos últimos meses, ele foi a hospitais de Nova Délhi e Mumbai tanto para fazer exames médicos rotineiros quanto devido a alguma doença.

Vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1989 e dono de grande prestígio, o líder espiritual dos tibetanos começa a estudar a sua sucessão. Normalmente, antes de falecer, o Dalai Lama deixa pistas de onde sua alma irá reencarnar. Ao ser encontrado o novo sucessor, esse estuda e pratica espiritualidade até os 18 anos e depois se encarrega das causas políticas.

O Dalai Lama abertamente comentou sobre a sua próxima vida e sua reencarnação, considerando subverter a prática histórica e cultural e escolher seu sucessor antes de morrer, para proteger seu povo exilado. Inclusive, ele já deu dicas de que seu sucessor pode até ser uma mulher.


int(1)

Após 50 anos de exílio, Dalai Lama pede não-violência frente à China

Sair da versão mobile