O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou às 11h50 à base aérea de Chimore, na Bolívia, uma pequena localidade na região de Chapare, berço político do presidente Evo Morales. Depois de ser recebido na base aérea, Lula se reuniu rapidamente com presidente boliviano e depois seguiu para um estádio de futebol na localidade de Villa Tunari onde cerca de cinco mil pessoas, de acordo com a polícia local, se aglomeraram para ouvir os dois presidentes.
A visita de Lula à Bolívia acabou se transformando em festa no reduto eleitoral de Evo Morales, que está em plena campanha para a reeleição. O estádio ficou tomado pelas bandeiras multicoloridas whipalas, símbolo do povo indígena boliviano. As eleições na Bolívia para a presidência do país e para o parlamento estão marcadas para o dia 6 de dezembro.
Lula e Morales assinaram um acordo que prevê o investimento brasileiro de US$ 332 milhões, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para a construção de uma rodovia entre as cidades bolivianas de Villa Tunari e San Ignacio de Moxos. A rodovia será construída por uma empresa brasileira e terá 306 quilômetros, ligando os vales de Cochabamba e a Amazônia boliviana. A contrapartida da Bolívia será de US$ 80 milhões para a construção da obra.
No futuro, a estrada também terá ligação com corredor interoceânico, cuja construção está prevista em um acordo assinado em dezembro de 2007, entre Lula, Morales e a presidente do Chile, Michelle Bachelet. A previsão é de que o corredor se estenda entre os portos de Santos e Iquique, no Chile, passando pela Bolívia.
Gás natural
A pauta da conversa entre os dois presidentes estão também as importações pelo Brasil do gás natural produzido pela Bolívia. Com a crise financeira mundial e seus reflexos principalmente sobre o setor industrial brasileiro, o Brasil passou a importar cada vez menos gás do país vizinho. Diante disso, o governo boliviano quer rever o preço e o volume do gás enviado ao Brasil e exportar uma parte maior de seu principal produto de exportação para outros países. A venda de gás ao Brasil é o principal item da pauta de exportação boliviana.
No primeiro semestre desse ano, as importações brasileiras de gás da Bolívia sofreram uma queda de 27,6% em relação ao primeiro semestre de 2008, ano que o Brasil chegou a importar em média 31,19 milhões de metros cúbicos por dia. Atualmente essa importação chega a 22,58 milhões de metros cúbicos por dia, volume menor que o mínimo previsto no acordo firmado em 1999, que prevê o consumo mínimo de 24 milhões de metros cúbicos do combustível.
O acordo firma um compromisso de 20 anos a partir da data de sua assinatura e prevê a cláusula take or pay, que estabelece o pagamento mesmo que o produto não seja retirado pelo Brasil. Com a importação abaixo dos 24 milhões de metros cúbicos, a Petrobras é obrigada a pagar o mínimo de remuneração à Yacimentos Petrolíferos Fiscales Bolivianos, estatal boliviana de exploração de petróleo.